Hipérbole
Sei que sou uma espécie de hipérbole,
amo demais, sofro demais, sou demasido
triste e sozinha,
amargos e doridos,
rios de que não sei o nome atravessam
o meu peito,
sinto em todos os meses o florido Maio
longínquo,
comovo-me com os versos de poetas
esquecidos,
escrevo linhas e linhas com estas mãos
que são minhas,
descubro nas insónias velhos amigos
perdidos,
falo com pássaros novos que me visitam
nas madrugadas,
clareio ideias na luz imperturbável do meio dia
vertical,
descanso na languidez musical das tardes
ensolaradas,
verto lágrimas e filosofia quando o dia parte,
lusco-fusco
que me desfoca imagens do passado,
memórias que permanecem tão vivas
como se o tempo não fosse outrora.
Sou assim uma espécie de hipérbole,
em construção
que não sabe nada de figuras de estilo.
Teresa Veludo
Livro Azul Liquefeito
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