Aves a passar em bando
outono a voar no verão
sem saber como nem quando
me deixam o coração.
Onde viceja sorriso
do instante fugidio
de penas de paraíso
ou de anjo que não me viu.
Adejar da poesia
nos braços do salgueiral
voava o bando e fugia
em aceno vegetal.
Poetas vinde de longe
de desconhecido mundo
tirar ao dia que foge
a tristeza em que me afundo.
O voo que me não fira
ó asas brancas de neve
(mas despido da mentira)
que à pomba da paz se deve.
Voai ó aves na treva!
Vivo a cantar o Amor.
Se o sentimento me enleva
não lhe conheço o fulgor.
Marília Gonçalves
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