Catarina Eufémia
(tema bailado)
Catarina,
Menina que brinca no trigo loiro
Desse Alentejo amado
Explorado,
Tem uma história a contar a gente.
Ainda criança, foi ceifeira,
Rosto molhado de suor e lágrimas
Chora a sua sorte e a dos seus iguais.
Chora o povo alentejano,
Amarrado como escravo
A seu amo!
E das lágrimas nasce a raiva
A revolta, a dor,
E foi com esta no peito
Que pariu os filhos
Feitos de amor!
E é pelos seus filhos
E pelos filhos de outras mulheres do Alentejo
Que lhe nasce nas mãos um desejo!
Já que tem que toda a vida trabalhar,
Vai lutar por um salário que lhe garanta o pão
Por uma razão.
Pensa nisto enquanto ceifa o trigo
Debaixo de um sol quente
Ao desabrigo!
As mulheres seguem-na, fieis
Juntam-se, e a união faz anéis.
E uma nova era feita de querer
Começa a nascer!
E um dia pela manhã,
Elas vão para o campo
Dispostas a dizer não.
E numa greve que é sua,
Saltam para a rua!
Nos olhos Catarina não leva medo
Mas vontade.
E diz:
Antes a morte liberta
Que viver nesta sociedade.
E ele vem
Traz uma arma na mão.
Catarina não o teme
Fica frente a ele, de pé,
Ele dispara, ela cai.
E no trigo dourado fica uma mancha vermelha
Que não sai!
Nos corações nasce o seu nome
Imortal.
Catarina Eufémia,
O orgulho das ceifeiras de Portugal.
Michael Pereira, Toronto, Canadá
email: tetsuo@arvotek.net
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