Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E, finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... E, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos».
DO HOMEM, do ESCRITOR, do ACTIVISTA COERENTE E HUMANO
por motivos de saúde não escrevi ainda o que sinto sobre a perda terrível de um Companheiro de Luta de quantos se batem por justiça e por um Mundo Melhor
Mas para Homenagear SARAMAGO, militante, escritor, homem que não desistiu e que apenas a doença venceu (todos somos humanos) será sempre dia! Assim que a saúde mo permita, prestarei a Saramago com o meu sentir e pensar a homenagem respeitosa e admirativa que me merece
Como acima referimos nosso amigo, Portugal ficou mais pobre, e com Portugal também o Mundo, porque Saramago internacionalista era um escritor Universal
com a minha mais profunda e respeitosa memória
Marília Gonçalves
bondade rima com esquerda
e como dizia o Ary dos Santos: nós repartimos o pão, não temos o pão guardado
foi um homem bom que perdemos com Saramago, que repartiu o pão do seu pensar por quem o quis ler
ficamos indubitavelmente muito mais pobres
Até sempre Amigo, até ao folhear de cada página de teus livros onde sempre te encontraremos de pé e igual a ti mesmo
permaneces assim para sempre vivo e entre nós!
Marília Gonçalves
Papoila Rubra, Amigos
Não posso calar-me diante da atrocidade, da ausência do Presidente da República de Portugal, à cerimónia de despedida a José Saramago que não só foi o imenso escritor que todos conhecemos, como trouxe a Portugal o Prémio Nobel, o único que provavelmente nos vai ficar,
já que o do PR Egas Moniz, tem tido muitas vozes contra e para que por desumano tal prémio seja retirado.
o Sr Presidente da República de Portugal esquece suas funções ao serviço de Portugal e de seu Povo
e esta ausência é um grito de desrespeito não só pelo valoroso escritor, como pela Língua Portuguesa e Pelo Povo de Portugal!
Tomamos acta de seu horripilante gesto e pela parte que me toca, pelo desrespeito que denota, V.E. NÃO FAZ FALTA NENHUMA! nesse adeus sentido que os patriotas fazem ao seu Escritor
Sem mais e como diz a amiga azinheira sou eu, as acções ficam com quem as pratica quer sejam mesquinhas, quer grandiosas! aqui encontramo-nos face às birras dum presidente! com uma tremenda falta de chá em pequeno, quem sabe, a água do Poço de Boliqueime não se prestaria a tal infusão
Marília Gonçalves
(no fundo aprecio que os cangalheiros de Portugal, não tenham sido vistos nem achados, no supremo adeus a um homem de bem!)
A quem faz medo a Cultura? quem tem medo da Cultura?
Olá Viva
SOBRE A MÚSICA E OS BOICOTES A ARTISTAS NOS MÉDIA
Porque será que de anos para cá temos este inevitável direito a tanta mediocridade, para não dizer pior, quando nos impõem "artistas" ( salvo seja) que apenas denotam a tremenda herança obscurantista de que ainda não conseguimos livrar-nos.
Onde nos andam os bons intérpretes?
Raio! Olha que os há e grandes! Pois não senhor... Aí vai que nos despejam sem consulta prévia as mais descabidas mostras anti culturais que nem o mau gosto pode imaginar
De tanto grande nome a empoeirar no tempo. Nomes que esses sim ilustram o País a que pertencem
Ah Não passam por que são de esquerda?
Olhem lá e que culpa temos nós os que carregamos no botão de rádio ou televisão que sejam esses mesmos artistas os mais preocupados com questões de qualidade artística
Nós o que queríamos era acordar ao som de vozes que no elevam o país, que são janela aberta sobre a expressão cultural portuguesa, que nos integram na s raízes que são nossas para melhor nos repartirmos universais e fraternos!
Pois é ! Mas esses não se ouvem ou muito pouco.
Na televisão quase nem se vêem, Nas rádios entretidas em fazer barulho com o que apenas confunde, não há tempo para sonoridades instrumentais ou vocais coerentes no desejo de trabalhar para um publico que lhe merece todo e o melhor respeito
Não me venham com a cantiga, de que " é do que gostam, é isso que compreendem" pois isso, era o velho discurso da época salazarista
Não se procurava dar ao povo senão a escala atingida, sem nunca propor um, nem que fosse um só degrau a mais. A não ser que fosse para descer.
Não, não se trata de eruditos apenas, até na música tradicional e popular portuguesa, há vozes que no estrangeiro são apreciadas sobremaneira.
Dou por prova e exemplo o compositor e cantor Arlindo de Carvalho, o homem que escreveu o célebre Chapéu Preto" ai que lindo chapéu preto ai que lindo chapéu preto naquela cabeça vai...
Pois vai, mas o pior é que a nós andam a enfiar-nos o garruço, e bem abaixo dos olhos no-lo querem enfiar
Devem crer-nos parvos, incapazes de reconhecer trigo do joio
Mas voltando ao Arlindo de Carvalho, que mesmo interpretando essa música alegre que propõe ao povo, também não passa senão raramente e pouco divulgado é.
Sabem que o Arlindo de Carvalho foi refugiado político em França.
Sabem que o Arlindo de Carvalho que hoje está com 76 anos é o compositor duma canção que todos conhecemos bem: E que muitos dentre o povo português cantaram? E que dizia assim: camponês a terra é tua não a queiras ver roubada
A terra a terra é de quem a trabalha
e o pão irmão na mão de quem o ganha
Pois foi ele mesmo! Como também escreveu a canção a Penamacor, por terem lá estado fechados entre outros, grandes nomes da resistência portuguesa ao fascismo, e que diz assim
ó Penamacor ó Penamacor quanto sonhador por ti penou...
Por isso se quisessem ou antes se os deixassem livres de agir os média podiam oferecer-nos um vastíssimo leque de ARTISTAS tanto eruditos como populares e tradicionais , porque abundam em Portugal.
País onde não falta sol, flores nem poetas e os artistas são manancial inesgotável.
Assim aqui fico aguardando o dia de ver dignificar a Língua Portuguesa e a Cultura, a que o povo que trabalha e respira em Portugal tem o mais legítimo direito.
Marília Gonçalves
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