A pátria é nos lugares onde a alma está acorrentada.
Voltaire
Logo pela manhãzinha, toca-me o telefone naquele som abafado, que parece anunciar distância, logo pelo toque.
Atendo. Do outro lado a voz infantil fala-me em voz pátria, terra-mãe. Para amanhecer nem desejo melhor. Tanto mais que a voz tem sonoridade familiar no doce timbre infantil.
Quem és tu? pergunto em voz meiga, certa de estar a falar com um dos meus netos. A voz hesitante trouxe-me de Portugal a imagem do Francisco, és tu menino? -sim e a voz parecia esperar uma boa deixa para continuar o diálogo. Olha, acrescentei sabes que amanhã é festa?
-Sim! não estranhei a brevidade das respostas, pensando a criança intimidada quer pelo telefone, quer pela distância, quer pelo desusado de matinal chamada.
Então amanhã vais dançar, nova e breve aquiescência. Vais dançar com as tuas primas.
-Vou tornou a vozinha.
O certo é que não estava a saber dirigir o diálogo, para não conseguir apesar da ternura da voz, mais que aquela resposta monossilábica. Algo perplexa tentava encontrar um fio de palavras que criasse um diàlogo seguido. Neste penar, abre-se-me a porta do quarto, e entram as minhas netas de nove e sete anos. Ouvindo-me ao telefone, perguntaram: com quem estás a falar? -Com o Francisco, foi ele que me ligou, com ajuda dos pais pela certa. E convicta afirmei: tem uma voz tão querida!
-Exclamação das minhas netas: Ah é com ele que estás a falar?
-é! é mesmo engraçado ter telefonado tão cedo.
A Minha neta de nove anos, olhava-me, expressão atenta e bem disposta, natural reacção, ante as notícias sobre o primo de cinco anos.
Nisto uma catadupa de gargalhadas escancara o rosto da Karla numa sincera e expontânea hilaridade.
Só então reparo que traz o telemóvel na mão e que se dobrava a rir, no mais franco riso imaginável.
Ah marota que eras tu!
Agora soavam no quarto, sonoras gargalhadas de duas crianças divertidas e as minhas que por pouco me deixaria sufocar com a piada da infantil partida.
Riso bom!
Marília Gonçalves
Voltaire
Logo pela manhãzinha, toca-me o telefone naquele som abafado, que parece anunciar distância, logo pelo toque.
Atendo. Do outro lado a voz infantil fala-me em voz pátria, terra-mãe. Para amanhecer nem desejo melhor. Tanto mais que a voz tem sonoridade familiar no doce timbre infantil.
Quem és tu? pergunto em voz meiga, certa de estar a falar com um dos meus netos. A voz hesitante trouxe-me de Portugal a imagem do Francisco, és tu menino? -sim e a voz parecia esperar uma boa deixa para continuar o diálogo. Olha, acrescentei sabes que amanhã é festa?
-Sim! não estranhei a brevidade das respostas, pensando a criança intimidada quer pelo telefone, quer pela distância, quer pelo desusado de matinal chamada.
Então amanhã vais dançar, nova e breve aquiescência. Vais dançar com as tuas primas.
-Vou tornou a vozinha.
O certo é que não estava a saber dirigir o diálogo, para não conseguir apesar da ternura da voz, mais que aquela resposta monossilábica. Algo perplexa tentava encontrar um fio de palavras que criasse um diàlogo seguido. Neste penar, abre-se-me a porta do quarto, e entram as minhas netas de nove e sete anos. Ouvindo-me ao telefone, perguntaram: com quem estás a falar? -Com o Francisco, foi ele que me ligou, com ajuda dos pais pela certa. E convicta afirmei: tem uma voz tão querida!
-Exclamação das minhas netas: Ah é com ele que estás a falar?
-é! é mesmo engraçado ter telefonado tão cedo.
A Minha neta de nove anos, olhava-me, expressão atenta e bem disposta, natural reacção, ante as notícias sobre o primo de cinco anos.
Nisto uma catadupa de gargalhadas escancara o rosto da Karla numa sincera e expontânea hilaridade.
Só então reparo que traz o telemóvel na mão e que se dobrava a rir, no mais franco riso imaginável.
Ah marota que eras tu!
Agora soavam no quarto, sonoras gargalhadas de duas crianças divertidas e as minhas que por pouco me deixaria sufocar com a piada da infantil partida.
Riso bom!
Marília Gonçalves
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