A Vida das
Criancinhas
E os
BANDOLEIROS
FASCISTAS
Quem pudera
ter de novo
Aquilo que
nunca tive
Esse sorriso
que louvo
E que tão cedo
perdi
Quase dele não
me lembro
Senão como
sonho terno
Que escrevo
com tanto assombro
Entre as
folhas dum caderno.
Mas este
caderno de hoje
É meu
caderno de outrora
Quando a
escola era o modelo
Do saber e
do futuro
Que nunca
chegou a ser
Por tão cedo
mo roubarem
Bandoleiros
sem vergonha
Que meu
ninho arremessaram
À miséria e
à peçonha.
Sabem o que
é ser menina
Ter lar, família
e amigos
Recantos em
casa, livros
Essa fonte
de magia
Onde tudo
acontecia?
Quando deixei
minha casa
Pensava poder
voltar
Mas arrancaram-me
a asa
Nunca mais
soube voar.
Perdi-me de
minha casa
De meu lar
e dos meus livros
A força da
minha asa
O vigor que
afasta perigos
A que fui, tão
menininha
Não teve
direito a ser
Perdi essa
escrivaninha
Onde eu
aprendera a ler
Onde estudava
as lições
Do futuro
do meu dia
E ao perder
a escrivaninha
De mim
mesma me perdia.
Afastei-me
do caminho
Onde a vida
decorria
Oiço por
vezes baixinho
Como velha
melodia
Uma história inacabada
Que nunca
chegou a ser
E eu
perdida na estrada
Não mais a
consigo ver
Marília
Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário