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sábado, 20 de janeiro de 2024
As minhas mãos velhinhas
Acender estrelas
Acender estrelas
na pele do mar
liquidas velas
a esvoaçar
luzes na noite
olham as águas
o universo
ergue-se em fábulas
espalha pela noite
mitos e lendas
o mar desfaz brancas as rendas
espuma a escrever imensidão
sobre as areias.
Contemplação..
Marília Gonçalves
Jean Giono, que acaba de ser publicado.
VENDAVAL -POEMA
VENDAVAL -POEMA
APOLLONET LES MUSES
Créez-moi oh intimes,
en abouti extase
d’atteindre les bel âmes
D’Hugo et Lamartine
De l’ardent brésilien
La libertaire flemme
Faites frémir encore
Pour tous les enchaînés
de la misère ultime
Et désignez Camões
ce prince dont les muses
Inspirèrent les chants
D’immortels Lusiades
ce guerrier insoumis
des nautes intrépides
dont l’éclat frémissant
dominait l’oriflamme
Ecartez de nos routes
Toute infâme bassesse
Tout ce qui nous corrompt
Âmes, ardeurs sensibles
Et qu’autour d’une table
les couronnes au front
ne soient que de lauriers
les ornements des bardes
en amitiés audibles
Que le Stix entrouvre
la noirceur de son onde
et emporte à jamais
tout ce qu’est vilenie
laissez-nous savourer
sur cette table ronde
au nectar de mille fruits
un cru de Poésie.
Emportez au loin
la barque de Cheron
ne nous ramenez point
amertume et douleur
et laissez nous jouir
de ce vaste horizon
où tout n’est que douceur
Passez, passez au large
Nuages gris et sombres
Et laissez aux poètes
Un seul jour de couleur
Pour un instant à peine
Oubliez sur leurs tombes
Le zéphyr qui s’attarde
Sur la ronde des heures
Marília Gonçalves s
Voltigeant entre mer et infini
La racine du jour se dessinant
A l’origine même de la vie
Je m’attardais sur un regard d’enfant
S’évaporant de lui comme une essence
Éclat de lumière qui s’enfuit
j ‘effleurais sa pensé
Telle une danse
Tournoyant autour d’elle
Et de l’oubli
Marília Gonçalves
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Morrem Crianças de Sede
Morrem Crianças de Sede
escoa límpida da fonte
água de nossa sede
e vai descendo pelo monte
até à nossa parede
tudo tão simples tão fácil
ali à nossa vontade
verte a torneira esse sumo
que a terra por bem nos dá
água que nos dá a vida
nos desaltera e faz bem
agua pura que saltita
ao sair da terra mãe
eu sou a água da fonte
salto e canto o meu caminho
enquanto desço pelo monte
na forma dum ribeirinho
quando chego até à sede
eu cumpro minha missão
de torneira da parede
mesmo ao alcance da mão.
Marília Gonçalves
Ânfora d’oiro
Quem levou de mim
Quem levou de mim
Ânfora d’oiro
Teus sonhos de antemanhã
Se esquife fenício ou moiro
Sepultou como tesoiro
A esperança temporã .
Altera antiga cadência
Perverte o olhar do tempo
Vai ao âmago da essência
Da sementeira do vento.
Quando nada mais te resta
Além da fímbria do dia
Devora e palcos e festa
E tristeza e alegria
Morde a vida com os olhos
A espelhar tanto caminho
Como colheita de abrolhos
Na tua cama de arminho.
Na força da água despertou o sol
Na força da água despertou o sol
O verde invectiva
As vozes da água
Memória e pavor
Zunindo essa mágoa
O vento girava girava em redor.
A duna no vento
Despertava agreste
Furava nas peles
Onde a ousadia
Teimava em ficar
A derme dos anos
Curtia no vento
O bronze dos homens
Que vivem no mar.
Marília Gonçalves
Poema no Tempo Ido
ou uma história de encantar
era apenas um dilema
com frases por decifrar.
Trazia fundos marinhos
e cores apenas sonhadas
trilava na voz dos ninhos
de primaveras passadas.
Talvez fosse devaneio
ou algo a concretizar
com olhar de corpo inteiro
intempéries no olhar.
Mas sonhos são poço fundo
onde se espraia o luar
Circes e deusas do mundo
esgarçavam o seu cantar.
Ai de mim de longe venho
perdi o velho caminho
com águas da cor de estanho
e perfume a rosmaninho.paisagens de apetecer
mas tinham falas secretas
do que nunca chega a ser
um remoinho de treva
afundou-se no meu pão
misto de trigo e de esteva
mordendo o meu coração
A nossa querida Rena deixou-nos ontem
| domingo, 30/12/2018, 21:01 Querida mana É muito triste.
Sei como é doloroso. O dia 7 de fevereiro de 2015 ficou marcado com a
morte do Nito. Ao mesmo tempo é uma dádiva pudermos abreviar o
sofrimento dos nossos queridos amigos de quatro patas. Beijinhos do mano |
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Alluvion de mots
Alluvion de mots
Venus de cette époque
Où je cueillais je jour
Sur les arbres penchés
Les saules et les platanes
Murmuraient l’eau qui passe
En un frisson lointain
Au rythme de ta peau.
Marília Gonçalve
mãos do poeta
mãos do poeta
Há nas mãos do poeta
Tanta sombra vencida
Tanta luz que negada
Floresceu num poema
Há o abecedário
Do que fomos em vida
Lançados sobre a febre
De colhido fonema.
Há o gesto constante
Um passo uma avenida
Gargalhando na sombra
Ora o riso ora a pena.
Marilia Gonçalves
Um dia que virá
Um dia que virá
Olharei os meus olhos
E será a partida
O sinal estará dado
Vou percorrer o jardim
Do início da vida
A estender-se florido
Como um imenso prado.
Vou rever a paisagem
Perdida cada dia
Semeando o abrolho
De que fiz a colheita
Saberei que sou eu
No fundo da consciência
Gravando sobre o breu
A fecunda existência.
A sementeira rara
Traz ainda a essência
De quanto persegui
Passo-a-passo entre dias
Quando ao olhar o prado
De tanta sementeira
Olharei estarrecida
As minhas mãos vazias.
Marília Gonçalves
Eu nasci filha do sul
Amo o sol e a cigarra
O mar fundo o céu azul
O vibrar duma guitarra.
As mãos crestadas de sol
Rosto brunido ao trabalho
A voz que fala a cantar
Remos a cortar a água.
Os fins de tarde doirados
Noites ardentes de amor
Açoteias desgarradas
As vagas em seu rumor
Noite fora o areal
Desenha uivos de amor
E ficam na água impressos
Os passos de cada cor.
Marilia Gonçalves












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