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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Ma fille

1° de Maio

 

1° de Maio Dia do Trabalhador,

1° de Maio de tanto desempregado

1° de Maio de teu sangue e do suor

pelo teu pão ganho a custo e tão contado

1° de Maio  de Alentejos de searas

Marinhas  Grandes de batalhas contra os Párias

desse Maio que vai de Norte a Sul

 negrume imundo  que cobre o céu azul


1° de Maio de ceifeiras, pescadores

dos operários fabris de cansaço e dissabores

1° de Maio para o povo português

que se desperta, vai ser Maio todo o mês!

1° de Maio quando a mesa do ricaço

ostenta o luxo que é fruto do teu cansaço

1° de Maio que renasce cada ano

entre promessas e mentiras e engano


1° de Maio é tempo de despertar

o  pão que é teu e que falta amadurar

1° de Maio de colheitas por fazer

do teu suor que não pára de correr


 Outros festejam entre risos, rendas, vinho

faltas herdadas desde há muito em teu caminho

hoje é o dia de te ergueres contra a desgraça

 é bem maior do que o medo e a ameaça

Hoje é o Maio de sangue de Catarina

essa Mulher que foi mãe e heroína

Ondas de sal que inundaram a campina

e desse mar de labutas luto e dores

triste quinhão da vida dos pescadores


Hoje é o Maio dos artistas operários

que erguem o mundo contra ventos que contrários

levam as casas e lhes deixam por abrigo

casas ao vento onde o mês é inimigo

de longos dias a contar o mês sem fim

enquanto ricos vivem sempre no festim!


Pois se hoje é Maio vamos todos despertar

todos nós temos direito de sonhar

porque o trabalho foi regado com suor

que a alegria seja a paga do labor

o sofrimento não nos serve de salário

queremos que Abriil volte ao nosso calendário

 não queremos leis dum poder que é arbitrário

Queremos Abril 25 a escrever o   nosso erário

 e que o Mundo se retorne  em seu contrário


Marília Gonçalves

 

 

 


 

Harpa de luz

 

Harpa de luz

flor de vento

violoncelos a arder

uma noite que me chama

traz meus versos a doer

taça azul da minha febre

meu continente aquático

se o poema sente sede

é que o poeta derrama

o sangue a seiva a escorrer

de cada verso saído

 

Marília Gonçalves 
 

 
 

 

 

 



 

laço a esvoaçar

 

Poentes


Havia poentes nos meus olhos

eu, levantava o mundo para ti.

Libertos murmuravam na cidade

versos que em mil versos aprendi.

 

Poente em meu olhar. Ainda lembro

o meu vestido de pintinhas brancas

laço a esvoaçar entre teus dedos.

 

Árvore  era então semente sumo

frutificar de dias que eu ergui !

Se ainda há poentes nos meus olhos

perderam rumo valor

da maior crença do que foste em mim.

 

Marília Gonçalves

 


 

a luta é o caminho

 

 
Que nenhum inimigo sonhe que a minha tristeza me enfraquece!!! Muito pelo contrário!!!
 
 
 
Amiga a luta é o caminho segue em frente tu és forte, não te deixes levar pela tristeza, nunca desistas do teu sonho amiga. Beijinhos
 
Temps Tempos Ecrits Malaquias-Vouillot
Avante... Linda balada, querida poetisa.
 
Ortelinda Almeida
em.frente é que é caminho! Gostei muito de ler o que lhe vai nas entranhas amiga! Força! Nenhum.inimigo. derrota um.comunista!
  • um "pequeno" aparte, na primeira viagem de regresso a Portugal, de avião, nem podia deixar de ser (o Rui era um TAP) perdi a voz, afonica durante um mês. Digam lá que a alma não dói...Meu querido Portugal e Meu tão Amado Portugal de Abril!
     
     
     
     
     
     
    Orlando Adrião
    Bom texto das saudades que sentes pelos pelos teus queridos. Amiga só recordar los dá nos a alegria de viver. Um dia muito feliz beijinhos!
     
     
     
    José Barros
    Qual é a alma que possa ser maior do que a Alma do Poeta ?
    O texto de 2002 foi escrito com a força dos Poetas que sabem sentir o que vai na alma e neste caso na alma da maioria, se não na alma de todos os portugueses emigrados...
    A questão que podemos pôr hoje, dezasseis anos depois do texto, é esta:
    Como foi possível destruír tantos castelos de sonhos ? Como foi possível vencer em nós aquela vontade que parecia inquebrantável do regresso ?
    No caso da emigração portuguesa os dois governos foram incansáveis em promover a ideia do regresso possível:
    O francês para manter cerca de um Milhão de trabalhadores "mais trabalhadores" e menos reivindicativos;
    O português para manter a balança das devisas que não podia baixar para equilíbrio do Orçamento de Estado e para alimentar uma construção civil onde muitos milhares de emigrantes mandaram construir casas que não irão habitar...
    Obrigado Marília por este sentimento tão pessoal como coletivo.
    Um abraço.



     
    Joaquim Lousa Nascimento
    Força amiga e que volte em breve.

     
     
     
     

Neva em meus olhos

 

Estou triste
Neva em meus olhos
Nem sei se saudade é isto
O atropelar do sonho
Mas não desisto!
Tenho tudo o que sonhei
Lezírias, prado, cavalos
De mim mesmo os arranquei
Nesta fúria de beijá-los
Malfazejos e despóticos
Há quem os queira furtar
Mas estou do lado da Luta
Venham que lhes vou cantar
A cantar em cada verso
Cada folha de papel
Venham ver qual o reverso
Que trago dentro da pele.
Espoliada de menina
Fugindo da terra-mãe
Há no meu sangue essa mina
Que a Humanidade tem!
Meu grito soa baixinho
Como nave adormecida
Abro à mão cada caminho
Parado à beira da vida!
Por isso não há malandro
Com garra pra me assustar
Trago em mim contra o desmando
Palavra sempre a brilhar
O breu também não me assusta
Porque vou punho no ar
Explanar cada lei injusta
Que aos pobres saqueia o pão
Sou sensível mas robusta
Porque o Mundo é meu irmão
 
  Marília Gonçalves 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

desde Eva até aos ateus

 

Demónio- mulher- que nada!
desde Eva até aos ateus
sempre diabolizada
nos olhos de cada deus
que pela vida passando
apenas sabe de ti
aquilo que a noite aponta
mesmo se o dia sorri
só noite
a sombra é que vence
e nos encalces da história
cada Adão que por si pense
pensa em nome da memória
vê como no passado
mulher em vestes de medo
desfaz o dia sem glória
cultiva o verbo segredo
quando as Evas num grito
ainda lhe falam de amor
ouve ainda estridente apito
como pânico maior
e nunca a palavra é ganha
e nunca Adão se retrata
e Eva desce do tempo
e despe as vestes do nada.





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    CE JOUR-LÀ
    Il y a 1 an
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    desde Eva até aos ateus
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