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domingo, 14 de julho de 2024

NATAL os dias continuam como dantes!

 O Natal aproxima-se do frio.
Na rua iluminada de amarelo
há verdes candeeiros no caminho.
Dezembro tem perfume regelado
a subir das mãos para as narinas.
Nas montras do consumo,
inanimados e nos tornam sem ânimo
despertos
avolumam-se sonhos embrulhados
na aterradora história dos castelos.
O invento do sonho estranha força
a nascer talvez rentinho à pele.
É Natal por colectiva decisão
de excepção, de exclusão, de abandono.
Natal pelo campo pela cidade.
Dezembro vestido de ilusão
dia que se esquece noutro dia.
Uma pomba caída rente ao chão
como o poeta morre em poesia.
Dezembro nos membros regelados
dos que não vestem bem
nem estão há moda
o Natal não é pra quem não tem
trabalho nem família
(a ordem da carência não importa).

É Natal no sonho imaginado
impossibilidade dos instantes.
O calendário dorme abandonado
os dias continuam como dantes!

Marília Gonçalves
   



Minha Vida Foram Versos na Ribeira

 Como sopro de sol
ou o harpejo
ao longe o rouxinol
canta seu beijo
em hino enamorado.
Eu, ai de mim,
 que te não vejo
adivinho-te ao longe
abrindo o mar.
No incêndio do corpo da maré
o sorriso do sol vem despertar
a jovial paisagem que te vê.

Meu amor em versos a sonhar
talvez a rir
sem saber porquê.

Marília Gonçalves 

 


 

PAI

 Ó Ó pai
nunca mais o Natal
sabe a Natal
tudo mudou pai
desde esse dia
em que partiste
pra não voltar
tudo é tão triste
que mesmo o riso
sabe a chorar.
Como é diferente
a mesma rua
onde passavas
a praça antiga
é inda a mesma
mas se lá estavas
não mais te vi
se te procuro
meu coração
ainda menino
chama por ti,
chama em silêncio
teu doce nome
Mas não respondes
tua partida
não tem regresso
meu querido pai
chamo e não ouves
e nunca atendes
ao que te peço...
Triste viver

Marília Gonçalves


oh estrela marinha


 à minha mãe, para lhe embalar a noite


Sentada à janela
dos dias vazios
olhava uma estrela
presa a quatro fios.

Às pontas que tinha
e sete contei
ninguém adivinha
quantas voltas dei.

Foram cinco ou sete
ou duas ou três
ninguém mais repete
o que ali se fez .

A estrela girava
em volta de mim
enquanto eu olhava
as voltas sem fim.

Oh minha estrelinha
no céu pendurada
oh estrela marinha
de pele encarnada

sentada à janela
olho para ti
e se és amarela
vermelha te vi.

   


 

Chega a tardinha

 

A nossa vida

 quente

dolente

vai na corrente.

A Primavera

que nos sorria

foge no dia.

O verão azul

de ondas repleto

a rir d luz

esvai-se secreto.

Chega o outono

vindima sonhos

cor de avelã

há no perfume

cor do sol posto

sem amanhã.

A nossa vida

breve andorinha

voa de leve

Chega a tardinha

leva em seu oiro

o dia breve.

 

Marilia Goncalvesa




ANA MOURA


 

Luzes na noite

Luzes na noite
voam as sombras
a rua canta sons de luar.

Riem-se as pedras
e nos passeios
ouvem-se passos
dos meus anseios
também cantar.


 

Amor? talvez paixão

 

Poentes


Havia poentes nos meus olhos

eu, levantava o mundo para ti.

Libertos murmuravam na cidade

versos que em mil versos aprendi.

 

Poente em meu olhar. Ainda lembro

o meu vestido de pintinhas brancas

de laço a esvoaçar entre teus dedos.

 

Árvore  era então semente sumo

frutificar de dias que eu ergui !

Se ainda há poentes nos meus olhos

perderam rumo valor

da maior crença do que foste em mim.

 

Marília Gonçalves

 


 

 

 


Migra a Fome

 

Vindas de tempo distante

quando sol amanhecia

Gargalhavam as manhãs…

como uma fotografia

ficou esse testemunho

Daquela estrada exilada

onde chiaram carroças 

as casas à beira tempo

na história estavam paradas.


Mas a vida prosseguia

nos seus afãs campesinos

na diferença entre estações

nos perfumes desiguais

de cada falta que havia

em cada rosto expressões

da fome que os invadia.


Como eram longos os dias

de trabalho repetido

com arcas de pão vazias

dias de vento e ruído

ou velhas arcas de sal

que guardavam desde o verão

magras petingas que ao pão

num ténue gosto de verão

eram quinhão repartido

por entre sopas fervidas.


Uma vida tão esforçada

na espera da estação quente

por mais uns quilos de vida.

Meu País e minha Gente.

 

 

 

 


  

 

 

metamorfose



  •  
  • Os olhos enclaasurados
  • venciam todos os muros
  • hábitos silenciados
  • sangravam livros de estudo.
  •  
  • Imagem metamorfose
  • lago ornamento de ter
  • o arabesco que foge
  • à revolução de ser.
  •  
  •