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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

poente adormecido

 

O poente adormecido

tem a memória das árvores

acenando ao universo

a lembrar-se de certeza

de símbolos velhos perdidos

com raízes de homens mortos

e curvas de luz nos rios. 

 

 


 





ASSIM


 

Esqueceram as acácias

 

Esqueceram as acácias

sopro vermelho do vento

olhos cansados de caminho.

 

  


Combs la Ville- Résisende les Acacias 

notre


maison pendant 16 ans

Palestina E Líbano

 

Há acenos nos braços do abeto

e do cedro do Líbano

mole ar a cotar o dia

entorna verde na cinza

sangue ignorado na distância

enquanto a Palestina tenta abrir

a Pátria da sua infância.

 

  

 


 

 

 

Distância

 

A Aveiras, Casais das Comeiras



Pinhal da minha infância

acende-se a memória

da manhã de azul perfumada

eu perdida no caminho

regresso à tua estrada.

vou colhendo maçãs pinhões e pêras

doutro peso valor

surgem a cintilar vindos das eras 

inocentes de amor.


A água de teus poços

nascente idealizada

carro de bois, charneca incendiada.


A voz do tempo

ecoa musical em suave perfume

na menina que tinha a alma boa

em seus olhos de lume.


Apagou-se a fogueira da infância

é extinto fogo seu

enquanto me chega na distância

o som que se perdeu.



   

 


   

 

poesia

 

Desfilam as aves

a chegar em bando

à paz da aldeia

o arvoredo

murmura em segredo

à luz da candeia.


Alto campanário

assiste à chegada 

do carro de bois

no meigo cenário

escurece depois.


Pequenos casais

moradas antigas

onde nossos pais

viram nossas mães

serem raparigas.


Aldeia serena

de paz e ternura

que tive em pequena

hoje é a lonjura.


De tanta harmonia

saudade ficou

escorre poesia

do que já passou.

 

 

  

 

 






na mansidão dos pinheiros

 

 

Há ladeiras e incêndios

na mansidão dos pinheiros

ou poesia compêndios 

(os meus amores verdadeiros).


Há laranjas onde a rima

tem o sumo de vinhedos

situados mais acima

entre Aveiras e os Penedos.


Menina do olhar terno

a badalar emoção

nós poemas dum caderno

escrito a sangue, coração.


Estremecimento de febre

onde luz forma beleza

desmoronando o casebre

da dúvida da incerteza.


O mundo sorri é bom!

há-de sempre melhorar

se sou poeta por dom

hei-de rasgar-me a cantar.


Canto de amor onde grito

o mundo que trago em mim

a ser cultivado escrito

até chegar o meu fim.

 

 

 

  






MIA COUTO

 


oásis

 

Dádiva da voz

límpida água

inesperado oásis.

 

  

 


 

 

como asas

 

Brilharão campos 

ao trigo de teus olhos

a semear o poente

sombras hão-de abrir

como asas

a roçar brancos muros

 ou as casas.

 

  

 


 

à Elisa

 

à Elisa

 


Bocas nós pés

vozes nas mãos

vazas marés 

de teus irmãos.


Rápido gesto

voa cortando

mudo protesto

do como e quando.


A arrastar 

dias, passos

seguem voando

entre teus braços.


Ondas do mar

búzio rumor

onde anda Elisa

o teu amor.


A lua é minha

tu fita o sol

canta no voo

do rouxinol.

 

  




Beethoven - Lettre à Elise



Fui africana

 

Após a leitura de “A Viagem”  de  Castro Seromenho 


Segui viagem

fui travessia

na vossa coragem 

de noite e de dia.


Fui africana

no mato na dor

tive uma catana 

com uivos de amor.


Fui o vosso riso

pela vossa mão

fui a escorrer mágoa

fui pelo sertão

estorcidas raízes

nos braços da água.


Fui tão vossa irmã

e tão humilhada

que em versos levanto

África de hoje

 maior que meu canto