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sábado, 20 de julho de 2024
Esqueci a cor dos meus olhos
Esqueci a cor dos meus olhos
onde vida despertava
perdi-os em mar d’escolhos
ou em campo onde os abrolhos
em mim própria semeava.
Esqueci o róseo sorriso
irmão de flores do jardim .
Perdi-me do paraíso
como água tão preciso
que morro dentro de mim.
Esqueci o gesto de paz
que me abria o coração
agora ninguém mo traz
só eu sei que falta faz
misto de amor e de pão.
Esqueci meu velho caminho
Não sei como regressar.
Oiço-o falar-me baixinho...
A sua voz de carinho
põe-me a alma a soluçar.
Nenhuma mão se me estende
ninguém cala este torpor...
Etéreo braço me prende
à vida que se me ofende
é por dívida de amor
Marília Gonçalves
Oiço cantar o silêncio
Meus olhos seguem a paisagem
tudo vêem, tudo vão buscar
perdidos entre folhagem
são pássaros a voar.
Oiço cantar o silêncio
voz ou mistério lunar
grita em mim tudo o que penso
no misticismo a paira
Marília Gonçalves
musical esfera
Deponho beijo nos lábios
azuis de mel e de som
musical esfera de sábios
em rotação invisível...
Pressentimento d’essência
na sementeira do tempo.
Marília Gonçalves
navegar
Aqui é o lugar
hoje é o tempo
futuro presente
que não passa.
Incógnita cidade
a navegar
em remoinho de luz.
Marília Gonçalves
Poema a Maria À mãe de meu pai, minha lembrada avó





