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quarta-feira, 11 de setembro de 2024

VEM

 

Nevoeiro no jardim

ostensivamente esconde

o perfume donde vim

que fala ainda de mim

mas só o eco responde.


Envolve a árvore a erva

a mais pequenina flor

acre perfume de esteva

sobe pelo ar e enleva

a névoa da minha dor.


Vejo erguerem-se fantasmas

sombra do que fui um dia

como antigas velhas falas

ainda da harmonia

evolando-se das falas

entre sons e poesia.


Presente em cada poema

em cada meu pensamento

aqueces a tarde amena...

vai esvoaçando no vento

minh’alma morta de pena.


Vem trazer-me minha vida

que entre tuas mãos deixei...

trata dela que está ferida

sem ela morro perdida!

Espero-te. Quando? Não sei.

 

  Marilia  Gonçalves




 




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