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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Nunca mais

Nunca mais tornaremos ao prado verdejante

Onde o olhar se perdeu dia após dia

Nem veremos floresta profunda vicejante

Donde pendiam anéis de luz e poesia.

Nunca mais ouviremos as frautas de outra era

Nem os guizos alegres de saltitar virente

Das nuvens animais pascida Primavera.

Nem o som das cascatas do doce ribeirinho

Nem as distantes velas gemendo no moinho.

Nem o zagal vestido da lã das ovelhinhas

Que guiaram seus passos do vale ao alto monte

Como não ouviremos as notas musicais

A brotar transparentes ao descerem das fontes.

Nunca mais olharemos de velha chaminé

O rolo fumegante em indício de vida

Casa pintada a cal de sol posto vestida.

Nem estradas nem atalhos onde cavalos foram

Como passo de dança atravessando espaço

Nada mais será nosso, nem a recordação

Do Humano que gravou no solo o velho passo.

As ternas joviais cabeças de crianças

Não enchem nosso olhar

De versos e ternura

A vida vai passando

E o nosso regaço

Ao de leve desfaz-se

Sem mais tempo nem espaço.

 

Marilia Gonçalves

 


 

 

 

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