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quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Circula nos olhos

 Circula nos olhos

 

 

Imaginei-me sentada

na extraordinária esplanada

de todo o meu interior

ante mim iluminada

a que sou a que não sou.

é uma luz de crepúsculo

que mostra mas não define

cada contracção de músculo

que o pensamento redime.

Vejo e não vejo.

Sou eu sempre igual a mim

nesta estranha semelhança

do principio que há no fim.

Sou eu, mas talvez não seja

senão a renda desfeita

da onda a rolar na praia.

Nuvem, nave , maré-cheia

ideia que em mim desmaia

pra me trazer afinal

até à mulher que sou

a filha de Portugal.

Viajo rumo ao futuro

o voo que não entendo

e me circula nos olhos

para trazer afinal

essa luz rasgando o escuro

entre o que é bom ou é mal.



  Marilia Gonçalves

 


 



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