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domingo, 11 de agosto de 2024

vestido rodado

 

A cal escorria-me dos olhos azuis de tanto céu e transformava-se em manchas doiradas ao poisar no chão. O verde dos vinhedos coloria-me o vestido e mesmo as mãos lembravam acenos da paisagem. A terra tisnada num reflexo de tempo, de sol, abria-se à procura de ar ou de agua que mais abaixo murmurava suave. Ribeiro, não,não era. Antes uma fita ondulante e musical a refrescar a tarde, rasgada apenas pelo som das cigarras. Pássaros não os havia àquela hora de calor. Perto da pequena nascente o zumbido atordoante das abelhas, numa reincidência de mel.

 Foi há muitos anos, tão longe daqui. Quase duvido ter sido eu a presenciar tal imagem da vida.
Não uso vestido rodado nem rodopio a cantar, mas sei que dentro de mim existe ainda, embora não saiba bem onde, essa que nos dias meninos olhou e viu.




 








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