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sexta-feira, 14 de junho de 2024

LISBOA

 

         LISBOA

Lisboa tem olhos verdes
que incolor pássaro trouxe
das arestas da poeira
descobertas no instante.

Os olhos escureceram
depois tornaram-se azuis
de vozes que nos ficaram
entre poemas perdidos.

O som distante do cravo
entreaberta janela
onde se imprimem as pautas
de palavras que se perdem.

há no traço rectilíneo
de inventar gestos de fumo
que os olhos tornam-se verdes
a neutralizar o rumo.

Esboroa ténue ideia
onde a palavra perverte
o fundo que nela ondeia
no vertical da maré..

Há olhares que dissimulam
harpejo esférica estrela
mas dentro dela procuram
a circular forma branca.

Lisboa tem olhos verdes
numa ode giratória
afunda-se sol azul
a perfilar a memória.

Mas quando a sombra descai
na cidade que é mulher
há o grito lancinante
duma criança a nascer.

Marilia Gonçalves
 
 

 

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