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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mario Quintana -Poesia


Baú de espantos
Mario Quintana


O VIAJANTE

Eu sempre que parti fiquei nas gares
Olhando, triste, para mim...


UMA CANÇÃO

Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.

Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?

Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!

Paco Ibañez - Poemas Vol III - 02 Nocturno

Paco Ibañez - Poemas Vol III - 02 Nocturno


Nocturno - Rafael Alberti - Madrid, 1937.

Nocturno - Rafael Alberti - Madrid, 1937.

 

Poetas Andaluces, Se equivocó la paloma, Rafael Alberti

Poetas Andaluces, Se equivocó la paloma, Rafael Alberti 

 

HUMAN PLANET- ecosistema e ser humano





HUMAN PLANET
 http://www.youtube.com/watch?v=2HiUMlOz4UQ&feature=player_embedded


O ser humano é o ser mais incrível do planeta. No entanto, se desaparecesse, seria o que menos falta faria para o equilíbrio dos ecossistemas...
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pois é, mas que tragédia seria...
até porque se a beleza da natureza está presente, é o olhar humano que a revela!
Marília Gonçalves

Paco Ibañez [En el Olympia 2] 03 Palabras para Julia

Paco Ibañez [En el Olympia 2] 03 Palabras para Julia 

 

 

Pablo Neruda Ode à Poesia


 

Ode à Poesia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pablo Neruda

Perto de cinquenta anos caminhando contigo, Poesia. A princípio  emaranhavas-me os pés e eu caía de bruços sobre a terra escura ou enterrava os olhos na poça para ver as estrelas. Mais tarde te apertaste a mim com os dois braços da amante e subiste pelo meu sangue como uma trepadeira. E logo te transformaste em taça. Maravilhoso foi ir-te derramando sem que te consumisses, ir entregando tua água inesgotável, ir vendo que uma gota caia sobre um coração queimado que de suas cinzas revivia. Mas ainda não me bastou. Andei tanto contigo que te perdi o respeito. Deixei de ver-te como náiade vaporosa,   pus-te a trabalhar de lavadeira, a vender pão nas padarias, a tecer com as simples tecedoras, a malhar ferros na metalurgia. E seguiste comigo andando pelo mundo, contudo já não eras a florida estátua de minha infância. Falavas agora com voz de ferro. Tuas mãos foram duras como pedras. Teu coração foi um abundante manancial de sinos, produziste pão a mãos cheias,  ajudaste-me a não cair de bruços,   deste-me companhia, não uma mulher, não um homem, mas milhares, milhões. Juntos, Poesia, fomos ao combate, à greve, ao desfile, aos portos, à mina e  ri- mequando saíste com a fronte tisnada de carvão ou coroada de serragem perfumada das serrarias. Já não dormíamos nos caminhos. Esperavam-nos grupos de operários com camisas recém-lavadas e bandeiras rubras. E tu, Poesia, antes tão desventuradamente tímida, foste na frente e todos acostumaram-se ao teu traje de estrela quotidiana, porque mesmo se algum relâmpago delactou tua família, cumpriste tua tarefa, teu passo entre os passos dos homens. Eu te pedi que fosses utilitária e útil, como metal ou farinha, disposta a ser arada, ferramenta, pão e vinho, disposta, Poesia, a lutar corpo-a-corpo e cair ensangüentada. E agora, Poesia, obrigado, esposa, irmã ou mãe ou noiva, obrigado, onda marinha, jasmim e bandeira, motor de música, longa pétala de ouro, campana submarina, celeiro inextinguível, obrigado terra de cada um de meus dias, vapor celeste e sangue de meus anos, porque me acompanhaste desde a mais diáfana altura até a simples mesa dos pobres, porque puseste em minha alma sabor ferruginoso e fogo frio, porque me levantaste até a altura insigne dos homens comuns, Poesia, porque contigo, enquanto me fui gastando, tu continuaste desabrochando tua frescura firme, teu ímpeto cristalino, como se o tempo que pouco a pouco me converte em terra fosse deixar correndo eternamente as águas de meu canto. Pablo Neruda