Páginas
▼
Páginas
▼
Páginas
▼
Páginas
▼
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
Zeca Afonso . Vitorino . Luís Represas - a morte saiu à rua (letra)
José Dias Coelho, morto pela PIDE em 1961
erva amarga
Adormece uma flor no pensamento
ou são praias azuis ao vento leste
acenar em brando movimento
trazem da intima seara que me deste
esse estranho perfume de erva amarga
que envolve leve o ar, em ténue véu.
Mas não há semente que me traga
o caminho que em tempo foi o meu.
Marília Gonçalves
cavalo Lusitano.
Cavalo Lusitano
oh meu cavalo da esperança
de ver no sol português
o sorriso da criança
que te sonha em portugpes
cavalo no teu galope
voas sobre mar de breu
as estrelas em seu trote
seguem teu passo no céu.
meu cavalo a todo o pano
vais até ao infinito
com a voz do oceano
a fazer ouvir seu grito
mas voas no oceano
na força que só tu tens
oh cavalo Lusitano
que sabes de onde vens
e chegado ao teu abrigo
belo cavalo de pano
vais encontrar Portugal
meu cavalo Lusitano.
Rolavam as vagas
Rolavam as vagas
Rolava meu corpo
Perdido em teus braços
Beijavas meu seio
E preso a meus olhos
Teu olhar ardia.
A seiva em teu corpo
Gritava no meu
Que aos poucos caia
Rendido ao desejo
Na força do beijo
Que em teu sangue havia.
Bucólico
Bucólico
Essa hora em que o sol tinge
A cal das velhas paredes
Da doçura de cor quente
Catedrais de densa sombra
As terras bebem na sede
Que lhes incendiou o dorso
No perfume das avencas
A trepar pedras do poço
Range a roldana se a corda
Furta a água em tom de zinco
Para vir depor na horta
Pérolas longas de vidro
As casas pobres sem trinco
Confiam a suas portas
À boa vinda a amigos
Que passam dentro da hora
Quando caminhos se ouvem
No voo das andorinhas
Ouvem-se bocas que entoam
O cantar verde das vinhas.



