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domingo, 25 de agosto de 2024

a Palestina tenta abrir

 

Há acenos nos braços do abeto
e do cedro do Líbano.
ar mole a cortar o dia
entorna verde na cinza
sangue ignorado na distância
enquanto a Palestina tenta abrir
a Pátria da sua infância.

Marilia Gonçalves
 
 

Palmela

 Peregrino

Nuvens de lume
espuma de mar
está o ciúme
a acenar.

Névoas voando
sobre o outeiro
formam o bando
do nevoeiro.

Sobre o castelo
branco sudário
o Sete-Estrelo
é luz de herbário.

Renda de luz
ondeia em bruma
noite seduz
nuvens d’espuma.


ANOITECER NA RIA FORMOSA

 

Á RIA FORMOSA

Desfaz-se o luar a Ria
em fios de prata a boiar
mil estrelas a naufragar
quando chega o fim do dia.

Nessa pálida harmonia
bailados da luz poente
cintilam suavemente...
murmúrios d’água, segredos
falas antigas e medos
vogam também na corrente

Marilia Gonçalves 
 
 

 



Essencial

 

            Essencial

Lume névoa sol nascente
veleiro de prata nua.
Olivais trigo semente
papoilas neve e a rua.

Fonte rio terra oceano
paisagem moinho vento
Olivais e ser humano
emoção e pensamento.

Rosal brisa, tempo, rio
norte, instante luz hora
polo palavra sul frio
diferença riso, demora.

Estrada luz ternura, dia
noite poente manhã
lua entardece ardentia
soletrar irmão irmã.

Sonho amor sol poesia
fraterno evoluir ou ser
invento avanço ousadia
mais uma vida a nascer.

Flor árvore oxigénio
plantas arbusto, animal
década, século, milénio
história, vida Portugal.
 
 


AO MEU AVÔ PATERNO REPUBLICANO NA RUA, NO 5 DE OUTUBRO de 1910

 

AO MEU AVÔ PATERNO
REPUBLICANO NA RUA, NO 5 DE OUTUBRO de 1910
 
Eras filho do mar do oceano
dele herdaste coragem, valentia
como as vagas erguias-te em voragem
na desmedida força foste o dia
atravessaste a vida sempre em luta
numa constância que a idade não mudou
e ao olhar pra ti o que em ti via
era ternura infinda meu avô!
 
Marilia Gonçalves
 
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Nascido nos Olhos de Água-Albufeira-Algarve

Portugal vem-me buscar

 

Portugal vem-me buscar
Meu país meu bem, meu deus
Estende teus braços de mar
Leva-me a navegar
De volta aos caminhos teus.
Portugal vem à procura
De tua filha distante
Vê que me afundo em ternura
E de toda esta lonjura
Não há quem me desencante.
Portugal olha por mim
Estou pr’além dos Pirinéus
Minha dor não chega ao fim
E se pra tão longe vim
Foi por desdita dos meus.
Portugal, vem-me buscar
Meu país e meu amor
Olha meus braços abertos
onde só cabem desertos
Cheinhos da minha dor.
 
Marília Gonçalves
 

 

Como um deus deixando o mar

 

Ao Rui minha vida
 
Como um deus deixando o mar
deixando a onda
surgiste quando a tarde adormecia
o areal
a canção que o sonho sonda
tu eras mais que força eras a Vida
A música vogava o ar sem fundo
a praia era oiro que fulgia
os quinze anos diàfanos risonhos
sorviam no instante a Poesia
no teu olhar li lonjura de tempo
vi em teu passo um deus que me aparecia
o teu cabelo claro era 'inda sol
o sol o reflexo da magia
não desviei de ti o eu infante
dos quinze anos que eu era nesse dia
tu sempre o mesmo deus apaixonante
onde sonho real por ti nascia
Eras um deus um deus permaneceste
e apesar de Penélope
demandei-me se Ulisses viajor
que de tais aventuras foi o rei
não foi menor que tu
no meu virgem Amor

Marilia Gonçalves
Rui Leote Mendes
14 de Agosto de 1963
os meus quinze anos
e os teus 23
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