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segunda-feira, 8 de julho de 2024
L'enfant qui meurt n'a pas de pays
volúpia
Teus olhos talham a pedra
do perfume que há nós cardos
tropel de montanha mágica
nas longas pernas da tarde.
Sumo de luz se desfez
na carne aguda do beijo
de súbito mãos esvoaçam
na memória a despertar.
Tremem no sémen da noite
selvas e harpas em coro
forma de ópio que se alarga
à velocidade dum touro.
Tuas mãos à descoberta
de continente afundado
no oceano promessa
desta volúpia a teu lado.
Marília Gonçalves
fímbria do dia
Em assomo de luz
fímbria do dia
argúcia do tempo
fantasia.
Textura do ar
alvura vencida
nascem acordes
nas formas de vida.
No voo indirecto
entre pão e terra
desvenda secreto início
do esperma.
Marilia Gonçalves
uma flor no pensamento
Adormece uma flor no pensamento
ou são praias azuis ao vento leste
acenar em brando movimento
trazem da intima seara que me deste
esse estranho perfume de erva amarga
que envolve leve o ar, em ténue véu.
Mas não há semente que me traga
o caminho que em tempo foi o meu.
Marilia Gonçalves



