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Humaine Incertitude

 

Merci maman
 
Poème de ma maman
😘
Vous avez de l’humain ce côté déplorable
de vouloir tout savoir sans effort et sans temps
Et d’en parler à tort élevant sur du sable
Un château que les vagues effacent en s’en allant
Pourtant ce sont vos craintes, humaine incertitude
Ce besoin d’être aimé et d’être reconnu
Qui dessinent vos lèvres sur de vaines paroles
Et vous donnent cet air absurde et incongru.
La nature de l’être est de rester soi-même
Laisser inaltéré l’enfant qui vit en nous
Pour cueillir au passage chaque parole éparse
Dans l’éclat de la nuit y faire fleurir la boue.
Amonceler, savoir et toute connaissance
Sans perdre pour autant le regard ébloui
L’héritage sacré venu de notre enfance
Semant sur chaque page l’extase de la vie.
 
Marilia  Gonçalves

continuação!

 

 

                                     Ao meu irmão

Há flores de lótus


nos longínquos olhos


profundos lagos


abertos para a luz


onde a vida reflecte


por instantes


o pensar no sentir que nos traduz.



Irmãos além da seiva


além do sémen


mais longe que a distância


é a fusão


da memória dos dias da infância


meu irmão.



Dias passados escrevem-nos a história


que há-de contar-nos para além do fim


imagens que pertencem à memória


não só de ti nem de mim.


Mas a todos aqueles que moldaram


uma estrela polar na nossa mão


e em nossos sonhos pra sempre


semearam


continuação!



Aqueles que partindo, em nós ficaram


meu irmão.



Marília Gonçalves 

 

 


 

Meu Sacrário a Arder

 

Meu Sacrário a Arder


Ó curva do dia


maré toda branca


sempre a extravasar


de que polo vem tua fantasia


se apenas em sonho a pude encontrar.



De que serra agreste


de que vale, outeiro


vêm tuas velas


azuis, cor do ar


de que aldeia estranha


onde sou moleiro


vem a poesia da cor do luar?

 

 

Marília Gonçalves 

 

 

 




            


                                     

FALA DO HOMEM NASCIDO Antonio Gedeão

 

*

FALA DO HOMEM NASCIDO

Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é agua a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.

Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.

Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.

 

        Antonio Gedeão