Páginas

Páginas

Páginas

Páginas

terça-feira, 21 de maio de 2024

la jolie laitière

 

Elle avait la jupe légère

Qui s’envolait au vent.

C’était la jolie laitière

Qui vendait son honneur naguère,

Belle et cheveux au vent.

Si un homme la prenait

Tout en sifflotant,

Elle chantait, le laissait faire

Et en faisait autant.

 

Elle a hérité de sa mère

Son courage vaillant

S'opposant à la misère,

Chantonnant au vent.

 

Elle avait la belle affaire

De ses deux parents.

Apprit la chanson

De la terre,

Tournoyant pourtant

Avec sa jupe de bergère

S'envolant au vent.

 

Les garçons, quand elle passait,

La regardait longtemps.

Comment ne pas voir la bergère

Et ses yeux d'enfant ?

Ingénue, la bergère

Montrait en passant

Sa jupe blanche et légère

Qui s'envolait, volait légère

Avec ses beaux volants.

 

 

Où est passée la bergère

Que les garçons aimaient tant

Quand en allant à la rivière

Elle faisait des ronds dans l’air

Montrant son petit pied blanc.

 

Marília Gonçalves

 

AO MEU PAI Testamento

 AO MEU PAI


Testamento
 
Lança as cinzas ao mar
ao Oceano
não nos fechem em mar
que tem fronteiras
nÙs queremos viajar
livres as cinzas
por nossas vidas
dantes prisioneiras.
Lança ao mar o sonho a percorrer
Nós iremos espraiar em Portugal
nossas cinzas no mar, ainda a arder
hão-de voltar à praia de outro sal.
Sabem a lágrimas as cinzas em viagem
mas o sonho é sempre verdadeiro
se no exílio a voz foi de coragem
serà heróico voltar ao chão primeiro.
Lança no Atlântico o que resta
da força que nÙs fomos, mas vencida
veremos reflorir como giesta
em festões d’oiro a água conseguida.
Iremos semear o mar imenso
da esperança de não ter partido ainda
importante afinal é o começo
da sementeira agora pressentida.
Deixa ir sobre as águas azuis, verdes
a nossa fundura vertical
porque na água estão as nossas sedes
de nunca ter deixado Portugal.
Se a história se escreveu no que passou
nas cinzas nosso corpo está presente
o mar da Liberdade nos levou
no caminho sem fim da lusa gente.
Que as cinzas vão ardendo sobre o mar
em derradeiro grito à Liberdade
pois nós seremos livres de voltar
pela força do tempo e da vontade.
E se nossa viagem se prolonga
a abraçar países infinitos
há-de chegar o dia em que se alonga
a saudade da terrra dos proscritos.
Voltaremos então a Viriato
à Pátria Lusa, em bandeiras de sol
o vento gravará nosso retrato
na leve luz da tarde, ao arrebol,
seremos outra vez, voz portuguesa
a vir poisar numa canção sem fim
na noite ardente de cada rouxinol
nossas cinzas serão mais um jardim.
 
Marilia Gonçalves