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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Dar a mão ao tempo

 

Amarelecem ideias
passam os dias em vão
de vidas e vidas cheias
de vazio e solidão.
 
Adormecer da paisagem
entreabre-se a janela
donde se avista a coragem
entre sombra que é só dela.
 
Espinoteiam com braveza
sonhos que foram um dia
a imagem da beleza
que a si própria renuncia.
 
O vendaval se transforma,
do húmus forte perfume
deixa sobre a terra morta
o corpo aceso do lume.
 
Mais longe, ‘inda mais além
dissipam-se miniaturais
voos de quem nunca vem
da que não regressa mais.
 
Saber! Dar a mão ao tempo
gritar estrelas e criar.
Giratório movimento
que ninguém sabe parar.
 
Marília Gonçalves