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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

multiplico imagens

 

às vezes há palavras

que me faltam

sons que não vindimei

ideias que me assaltam

mas não libertei.

 

Fonemas que se  escondem

atropelam

palavras coladas na linguagem

verbos que a negar se rebelam

em miragem.

 

em vão me alongo

há vazio nós meus braços

quando a seara está por amadurar

multiplico imagens pelos traços

da poesia por inventar.

 

 

Marília Gonçalves


 

 

 

 

Teresa Veludo Brincadeirinha

 

 

 

Brincadeirinha
 
Não sou supersticiosa
Nao sou supersticiosa.
Lagarto, lagarto, lagarto!
bato na madeira três vezes,
não gosto de ver gatos pretos,
excepto se for o meu,
detesto o número treze,
mas confesso que me dá sorte,
entro sempre com o pé direito,
quando à frente não vai o esquerdo,
não creio em deuses e anjos,
pelo sim pelo não Vade Retro Satanás,
sou dextra na escrita,
costuro as cicatrizes com a outra mão,
não acredito nos santos da igreja,
rezo a Santa Bárbara quando troveja,
nunca brindo com um copo de água,
dá azar e não se cumprem os desejos,
prefiro um bom vinho tinto e com mais um
tudo é belo e perfeito,
bruxas são uma não existência,
todavia tantas vezes " parece que sou bruxa",
como uma dúzia de passas e faço barulho
para afastar mau olhado o ano inteiro,
nunca confiei neste ritual mas não vá
o tal do diabo vir por aí e tecê-las....
Nao sou supersticiosa, mesmo nada,
benzo-me três vezes em frente ao espelho!
 
Teresa Veludo 
 
(Direitos reservados)
Waterhouse



VENDAVAL -POEMA

 

VENDAVAL -POEMA


Cada poema tem o seu desígnio
Como carta de amor de folhas idas
Fiapo incandescente, água , limbo
Dúbio rumar sem bússola ,sem norte
A descobrir caminho
Mas o poema avança, porque sabe
A lei ignorada pela vida
Vai trepando granito, sebes, tarde
Tão tarde que se vê o antedito
Coração infantil é que ouve versos
Manancial de sede insatisfeita
Se vendaval desvia sons dispersos
Na criança poeta outra colheita
Irradia searas nos reversos
De cada dor colhida e insuspeita.

Marília Gonçalves

RECEITA

 


 
                                                                         AQUI

A um sonho perene

 

A um sonho perene
 
Afirma-me que existes
Que ainda és tu
O meu sonhar menino
Redivivo
Devolve ao olhar nu
A primavera
Do contemplativo
Diz-me que Março
É o mês de flores
Do riso
Da alegria
Da inocência
De infantis amores
E que é de novo o dia

Marília Gonçalves