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terça-feira, 1 de outubro de 2024

 

Pesadelo


Fecho os olhos um pouco

Fico à escuta

Vejo chaves ou guizos de metal

Lenço que voa e que me acena

Branco de paz

Uma dor percorre os ossos do meu corpo

 espero

Sinto presente o infinito

Durmo acordada

Respiro com dificuldade

Nova guinada nova dentada

Bomba de gasolina desenhada

Estrada

Pedaços de metal que se definem

Uma janela antiga num prédio de gaveto

A persiana é verde

 tudo o mais é preto

Ressalvo alva cortina 

no canto levantada

Uma ave forjada é toda negra

Desenha-se no muro

 frente a estrada

 O mais continua escuro

 por detrás da janela

De vez enquanto espreita

Um solitário  vulto.

Uma mão seca, magra

Segura o torniquete da janela.

 

 Marília Gonçalves







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