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sábado, 14 de setembro de 2024

vida! mulher!

 

Anda meu amor, pelo caminho adentro

repara na terra, rasgou-a o arado

mais longe os outeiros. Vê bem o do centro

tem um prado d’oiro que apascenta gado.

 

Deixa que teus olhos vão seguindo os meus

mais alem distante à loira ladeira...

de tanto que sobe, quase entra pelos céus

mas fresco o pinhal, trava-a na canseira.

 

Estes torrões soltos do chão que pisamos

firmes e bravios são a voz da mágoa

gritos torturados da terra que amamos

toda incendiada sem ter gota d’água.

 

 

Olha ao lado esquerdo, a casita alva

parece dormir, beijada pelo sol!

Diz não te embriaga este cheiro a malva

junto ao pó torrado, muito mais que álcool?

 

Dá-me tua mão, vamos pelos caminhos

conheço-os de cor, meus passos d’infância.

Calaram-se aves de calor nos ninhos

do berço até hoje que curta distância!

 

Os cães ofegantes, dormitam calados

o ar ondulante dança à nossa frente

as amoras ardem por entre os silvados

nem a sombra é fresca, mesmo a casa é quente.

 

Como o tempo muda a feição às coisas!

Nas manhãs de maio há relvas veludo

pelas tardes de Agosto, quando olhos poisas

por ervas vês palha, o ar queima tudo.

 

Vou mostrar-te o poço, verás como é fundo

olha para baixo, a água tão negra...

tem nela a frescura toda que há no mundo

de vê-la, em sorriso teu olhar se alegra.

 

Queres sentar pertinho, rente à oliveira?

Descansa em meus braços, meu colo é o teu...

aqui mesmo ao lado o milho na eira

são sois pequeninos que o sol acendeu!

 

Vês? O céu azul está branco doirado

tanta luz se espalha sobre o horizonte...

nossos lábios presos, olhar abraçado

desfolham desejos a rir pelo monte.

 

 

 

M.G. 

 

 

Deixa-me ser

verdura em tua estrada

caminho aberto

vida! mulher!

Que se o deserto te aprisionar

dar-te-ei a mão

serei a força pra te soltar.

 

 

 

 


 

 

 


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