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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Fluem ribeiras de sons

 

Ali por trás de paredes de sombra

O pensar procura caminho, libertário

Uma frincha de luz, ou movimento

Contrário à estática treva,    

Prisioneira de paredes sem casa

Que nem chegam a ninho,

Apenas fortalezas que se erguem

Fantasmas no caminho

 

Ali onde paredes se levantam

Em eco de silêncio

Os pássaros espantam

Os nossos pensamentos.

Ali moram nuvens e neblina

Ali se abriga a bruma

a envolver verde colina

Só de coisa nenhuma.

Atrás das paredes vai soando

Uma voz que rasteja

A conseguir o bando

De palavra que adeja.

 

Aí então esmorecem as paredes

Deixa a sombra de ser

A constante das sedes

Do nosso verbo haver.

 

A luz semeia promessa crescente

De sol imorredoiro

E as paredes caem bruscamente

E abre-se o céu d'oiro.

 

Apaga-se no longe a ameaça

Do mutismo constante

Enquanto por nós passa

A palavra levante.

 

Fluem ribeiras de sons

Alegres a saltar

Catadupa de tons

A percorrer o ar.

 

Alastram palavras coloridas

Invadem a planura

Sementeira de vidas

A trepar à altura.

Das paredes fica só a lembrança

Da nossa negação

Salvaguarda da história

Sem ter repetição.

 

  Marília Gonçalves  

 

 


 

 

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