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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

essa voz que foi ouvida potente no céu de anil

 

Afastou-se a margem da memória

o pó cobriu a estrada

no esconderijo da história

há dias feitos de nada.


Foi-se construindo o tempo

passou  não torna a ser

num torvelinho de vento

folha fui, voei sem querer.


Levou-me sopro potente

quase uma força animal

até ao sonho dormente

que não era natural.




Há nós olhos que nós fitam

espuma d’ódio de rancor

que as palavras acreditam

ser pranto, lágrimas, dor.


Atropelaste a paisagem

do pouco que me foi dado

minh’alma parte em viagem

não torna ao dia passado.


Feriste! Voluntariamente.

Sofro a inventar perdão.

Sabes nem sempre a semente

cresce em sua própria mão.


Escalei muralhas a custo

trepei  a escola da vida

tremo de ânsia de susto

por ser justa e ofendida.


 

Digna até à minha morte

até à hora final

se não sou mais, nem mais forte

há na voz de  Portugal  


essa voz que foi ouvida

potente no céu de anil

a minha infância perdida

entre sei lá quantas mil!


Se uma armadilha me lanças 

eu peço ao teu coração

justiça para as crianças

que no caminho do pão,


no grito da Liberdade

nascido na Revolução

deram vida pela verdade

fazendo ouvir o seu não.



Marília Gonçalves

 

 


 

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