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sexta-feira, 23 de agosto de 2024

veleiro de água e luar

 

Teu corpo pede corpo de mulher

que nada peça, mas tudo saiba dar

corpo incendido no teu

veleiro de água e luar

que te leve pelas esteiras

das profunduras de amar

que saiba ser sangue e beijo

a saber de longe olhar

para em teu desejo ser

o incêndio a marulhar

ver teu olhar que desperta

entre sereias vogando

o teu desejo crescer

desnudos seios em bando

trilhando a espuma e saliva

desse vime que perdido

face ao corpo de mulher

sente febre de vencido

desse abismo sem igual 

falésia sempre mais fome

sem que tua força dome

em teu desejo animal.

chegam de longe em seis véus

numa névoa oriental

mil sentidos que nos teus

vêm na fúria  final

vencer febril o batel

que de velas enfunadas

vê assaltar em tropel

o mastro de horas salgadas

 

Marília Gonçalves  

 


 

 

 

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