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sábado, 15 de junho de 2024

Meio Século

 


Meio Século



No tempo em que os cavalos

tinham patas de vento

o voo ultrapassava a dor

e as raízes

quando sonhos azuis

não podiam montá-los

a desenhar o sulco

de térreas cicatrizes.


No tempo em que os cavalos

não escolhiam caminho

levantavam as crianças

do solo atraiçoado

no tempo dos cavalos

e das imperatrizes, as leis,

eram sombra de quem ia montado.


No tempo em que os cavalos

desenharam memória 

da cor da sua cinza

sobre a cinza dos dias

no tempo em que o terror 

era vê-los, olhá-los

como vento a passar sobre histórias vazias.


No tempo em que os cavalos 

numa cidade inquieta

galopavam no tempo

que não queria parar

uma mancha de sangue

desenhava-se preta

nos dias ressequidos

a perder-se no mar.


No tempo em que os cavalos

eram maiores que a estrada

havia vozes cegas

ou olhos por gritar…

no tempo em que eram monstros 

que vinham dispará-los

sobre a esperança nascida

que não queria murchar…


No tempo dos cavalos

no tempo dos cavalos

na Pátria ia crescendo

a raiva popular.

 

 

 

 


 












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