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sexta-feira, 24 de maio de 2024

Lisboa tem olhos verdes

 

LISBOA



Lisboa tem olhos verdes

que incolor pássaro trouxe

das arestas da poeira

descobertas no instante.


Os olhos escureceram

depois tornaram-se azuis

de vozes que nós fiaram

entre poemas perdidos.


O som distante do cravo

entreaberta janela

onde se imprimem as pautas

de palavras que se perdem.


é no traço retilíneo

de inventar gestos de fumo

que os olhos tornam-se verdes

a neutralizar o rumo.


Esboço ténue da ideia

onde a palavra perverte

o fundo que nela ondeia

no vertical da maré.


Há olhares que dissimulam

harpejo esférica estrela

mas dentro dela procuram

a circular forma branca.


Lisboa tem olhos verdes

numa ode giratória

afunda-se sol azul

a perfilar a memória.


Mas quando a sombra descai

na cidade que é mulher

há o grito lancinante

duma criança a nascer.

 

 


 



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