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terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Ribatejo -Poema

 

  Ribatejo


Dobrados sobre a terra ao sol ardente

robustos camponeses se moviam.

Trabalho sobre o que ontem foi semente

entre seus dedos ásperos, verdes riam.

 

Brilhavam como sóis miniaturais

os milheiros, as uvas, as maçãs,

e nos rostos de bronze, esculturais,

iam nascendo manhãs sobre manhãs.

 

Neles havia traços de franqueza.

Os meus olhos loiros infantis

guardavam tesouros de beleza

dessa colheita que em seus olhos fiz.


Ó minha humana escola solidária

quando não era mais que uma menina

a minha alma livre e libertária

incendiou-se na vida campesina.


Em cada gesto vosso, a descoberta...

de vós só aprendi o que há de bom!

O vosso coração, de porta aberta

é que foi dando ao meu, o vosso tom.


Quando eu chegava, já as andorinhas

tinham voltado ao ninho, nos beirais.

Meu olhar voando sobre vinhas, 

poisava na brancura dos casais.


Envolvente odor a sardinheiras

inebriava o ar e os sentidos...

em passadas curtas, mas ligeiras

descobria nos dias proibidos

 

com meus pés infantis, a Liberdade

pra sempre inscrita no meu coração!

Nessa autêntica fonte de bondade,

a vossa generosa rectidão,

 

transformou em juvenil realidade

a colheita, a dádiva do pão!

Agora quando em mim chegou a tarde

está ainda presente, a vossa mão!

  



Marília Gonçalves


 

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