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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Fui convidada um dia por Amigo Cineasta

 

Fui convidada um dia por Amigo Cineasta a ir dizer, para franceses essencialmente, poemas em francês.
Quando cheguei, esperava-me sentada na sala de entrada, onde se encontravam alguns Amigos Portugueses.
Disse-lhes a minha apreensão em dizer Poesia em francês, coisa que anteriormente nunca havia feito, por receio de ferir
a minha reputação, como Diseuse de Poesia.
Estive até ao último momento, vou não vou....
à chegada do instante decidi ir. E fui. era grande o desafio, o público era constituído só de intelectuais.
Disse a mim mesma, vais dizer os poemas, como se os estivesses a dizer ao homem que amas.
Foi o que fiz. Fui "bombardeada" de aplausos e de pessoas a vir ter comigo, a felicitar-me. Os Amigos Portugueses que ali tinham partilhado, meus receios, disseram que tinha sido, muito bom e que parecia que o tinha feito sempre.
Afinal a Arte é Universal. Apenas obedece à autenticidade.

Cumpriu-se nos teus olhos o meu nome


Cumpriu-se nos teus olhos o meu nome
mais Marília fui que dantes fora!
só agora meu nome tem perfume
da noite que adormece em cada aurora.
Cumpriu-se nos teus olhos o meu nome.
Sou Marília. A mais real e viva
de todas as Marílias doutra hora.

 

Trigo ao Vento

 

Trigo ao Vento

Trigo ao Vento
Do pão da minha fome
Ondula o pensamento
No olhar da criança que não come
O mundo anda esquecido da razão
Que grita bocas de repartir
De que nos serve o coração
Se o não queremos ouvir
A criança meu irmão é um tesoiro
De luz universal
De que nos serve o oiro
Se olhar da infância
Não brilha natural
Que mundo preparamos ao futuro
Se a criança é semente
Que a vida fará florescer
Diferente ou indiferente.
Segundo o que aprender,
se nosso exemplo d’ egoísmo
lhe mostra sombra, escuridão
donde esperar que surja a branca pomba
com olivais na mão? 
 

Poema a uma Asa que de mim voou Meus 20 Anos Inesquecíveis

 

Poema a uma Asa que de mim voou
Meus 20 Anos Inesquecíveis


Dos cinco filhos que tive
Um de pronto adormeceu
No relógio que parado
Não foi sequer o soluço
Nenhum grito se lhe ouviu
Nenhum ai nenhuma lástima
No adormecer do dia
De dia que era Novembro
O céu de tanto chorar
Teu sono e a minha dor
Alagou terras do Tejo
No ano sessenta e sete
Do século que ora findou
Tanto o tempo não promete
Que em mim Lisboa chorou.

Marília Gonçalves