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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

José Afonso - Grandola Vila morena (en vivo, 1974)

 

1974 - Paulo de Carvalho - "E Depois Do Adeus2 | RTP


 

1974 - Paulo de Carvalho - "E Depois Do Adeus2 | RTP

ESPECIAL 25 DE ABRIL - Entrevista ao Homem que protegeu Salgueiro Maia

 

ESPECIAL 25 DE ABRIL - Entrevista ao Homem que protegeu Salgueiro Maia

 João Andrade da Silva


 

AS ULTIMAS PALAVRAS DE SALGUEIRO MAIA 2ª PARTE

 

AS ULTIMAS PALAVRAS DE SALGUEIRO MAIA 2ª PARTE


 

AS ULTIMAS PALAVRAS DE SALGUEIRO MAIA 1ª PARTE

  AS ULTIMAS PALAVRAS DE SALGUEIRO MAIA 1ª PARTE


 

Non, ou a Vã Glória de Mandar (1990) FILME

 

Non, ou a Vã Glória de Mandar (1990)


 

Capitães de Abril (2000) [HQ] Filme

 

Capitães de Abril (2000) [HQ]

 


 

O Meu Abril é Colectivo e FILME A Hora da Liberdade Completo

 

Conversa aberta. 1 mensagem não lida.

O Meu Abril é Colectivo


Marília Gonçalves






Até que foi Abril



Até que foi Abril.

Como duvidar de Abril? Como duvidar do futuro ridente de Portugal! Abril é uma conquista que nunca se perderá! poderá passar e atravessar trilhos tortuosos,mas há-de erguer –se sempre à luz do dia

Porque Abril foi a palavra justa que restituiu a voz a todos os que a dor tinha silenciado

Eu fui apenas uma entre casos e casos sem fim de crianças de quem conheço histórias que só muita maldade podiam provocar.

Essa maldade que fechava os olhos ao povo de Portugal era o “salazarismo” o fascismo de uma hipocrisia ímpar, de falsos sorrisos e de palavras que se fingiam mansas para enganar incautos.

Os outros os que  muitos outros os que sabiam, calaram e participaram, mesmo para a consciência própria, que durante anos não tiveram, no momento da morte às vezes ela acorda de dedo acusador e não queria estar no lugar deles.


Vou agora regressar a esse saudoso Dia, tão impregnado do que que passou a circular em tudo quanto éramos e em todas as nossas Esperanças que vinham tornar realidade tão

 antigas Lutas!



O Rui, meu marido tinha saído de casa havia meia dúzia de minutos

Eu com as crianças começávamos também o dia. A mais velha de seis anos, seguida de rapazinho de cinco e de uma bebé que pouco passava do ano.

Nisto o telefone tocou, estranhei eram perto das nove horas e cinco minutos e não era costume o dito tocar assim cedo. 

Era o Rui, que numa voz que estranhei me perguntou:- sabes o que aconteceu? Assim de repente a inesperada pergunta, não encontrou resposta que satisfizesse. Resposta prosaicas e não mais. Meu marido, em voz excitada mas alegre, disse-me: está a dar-se um golpe de Estado, que o oceano de emoções despertou em mim. A voz presa na garganta, apenas me permitiu dizer. Espera que vou já para aí.


Entretanto que se passava com o meu pai, vítima do fascismo e exilado em Paris.

O meu irmão acabava de descer as escadas para ir para as aulas. O nosso pai estava a fazer a barba e tinha o Rádio acaso.  O meu irmão ia para sair a porta que dava para a rua, nesse momento ouviu um grito tão forte que pensou que tinha dado algum ataque ao pai. Subiu as escadas que acabara de descer a um velocidade que o medo ampliou. Quando entrou em casa encontrou o pai numa indescritível alegria.A euforia dava um colorido à voz que ouvia. Há um Golpe de Estado em Portugal! Depois a alegria e a Esperança que se davam largas em toda a família. Preparou-se a  vinda de meu pai a Portugal em Maio.


e as crianças e eu lá íamos na rua direcção ao trabalho de meu marido.

No caminho, ao chegar à Pontinha (Faro) encontrei o Sebastião, colega na Direcção do Círculo Cultural do Algarve.Vinha ainda com uns restos de sono colados aos olhos e quando lhe perguntei se estava ao corrente do que estava a acontecer em Portugal, e ante a resposta negativa, disse-lho o pouco que sabia e vi-o retomar o Caminho do Liceu, onde era Professor de Economia.

Fomos andando para o trabalho do Rui. Ao chegarmos vinham a descer as escadas todas as Funcionárias que tinham recebido instruções de irem para suas casas. A partir daí, eu era a única  Mulher presente no edifício.

Quando cheguei ao pé do Rui e dos colegas, encontrei todos entusiasmados, as frases cruzavam-se e todos falavam para familiares ou amigos em Lisboa, para ver se alguém estava mais informado ou se viam algo nas ruas que pudesse encontrar eco nos presentes.

Logo alguém fez o reparo de que na Rádio,se estava a ouvir Militares a comunicarem entre eles. prestámos a maior atenção mas as mensagens eram em código e não 

conseguíamos perceber nada.

A manhã foi decorrendo e nisto senti a necessidade de ir para a Rua. Queria ver a temperatura do dia entre as gentes da Rua. 

A vida decorria aparentemente tranquila na manhã de sul algarvio onde por aquelas horas o sol se via, enquanto se esperava a Luz.

Depois de ter comprado de que almoçasse aquela família de Abril que se encontrava reunida sempre à espera de mais Novas voltei aonde os meus filhos me esperavam também.

Assim quando cheguei ainda me puseram a par das conversas com Lisboa e chamou-se mesmo uma tia que morava mesmo em frente do Quartel da Penha de França que nos contou o pouco que sabia. O que todos notáramos no decorrer da manhã foi que ou se falasse com familiares ou com colegas, aquela voz alegre, estreada naquela manhã, a primeira de Abril, era uma constante que nos sabia e fazia bem.


Depois para a tarde houve a primeira Manifestação , a malta reunida ali perto entre o Aliança e o Hotel Faro.  Chuviscava mas o  que eram umas gotas de água sobre a nossa alegria.

Rostos conhecidos mas nos quais já se lia Abril. Esse magnífico Abril que tantas Conquistas nos traria a Primeira das quais era ali no imediato a Liberdade.

Era tanta a confiança que tinha amadurecido em cada Cidadão no seu amor a Portugal, que nem nos passava pela cabeça que o sonho que ora vivíamos

 podia ainda estar ameaçado 

A seguir a família, pai, mãe e filhos foram para casa na ânsia de ouvir a Rádio e que a RTP dissesse notícias mais do que sabíamos. 

Cada breve instante era em simultâneo tão longo.

Enquanto a espera durava revi familiares, meu pai, sacrificado em França o exílio com amargor de veneno; meu avô preso vinte e cinco vezes, uma das quais no Tarrafal, donde trouxe uma tuberculose em recordação, e Alex assassinado pela PIDE! Não havia dûida, a minha família na Luta contra o fascismo, tinha merecido o novo alvorecer. Afinal para eles Abril tinha sido ao longo da vida um contributo a esse mês de Abril, que jovens Militares vinham no Presente depor ante Portugal.

Os Amigos, tantos são com vidas exemplares, o Antero Cordeiro, o Salvador Taquelim,

o Campos Lima, o Vicente Campinas, todes me vinham à memória, tão intensos como o tinham sido na minha meninice. E tantos mais, desde o médico do meu nascimento, o Dr. Pedro Monjardino. 

Era noite quando a TV começou passar repetidamente o que seria o Hino do MFA

Até que foi o Comunicado da Junta de Salvação Nacional.

 E tudo se concretizou a partir desse Dia Inesquecível, a Libertação dos Presos Políticos, o fim da Guerra Colonial que iria ser realidade lembro que a 27 de Julho de 75 a TV foi dito que tinha sido encontrado acordo entre Portugal e Angola, exultei, era o dia dos anos da minha avó materna, e gritei que bela prenda! E outros Direitos vinham a caminho, A Reforma Agrária.

E a acompanhar a nossa alegria, A Rádio que nos fazia descobrir os nossos Valorosos Cantores de Intervenção. Nas ruas respirava-se enfim!

e os Cantos Livres, vinham dar ao povo 48 anos silenciado, voz que seria para sempre A VOZ de ABRIL.

Marília Gonçalves









                               

A Hora da Liberdade Completo produções L.C.S















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