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quinta-feira, 23 de novembro de 2023

POEMAS ABRIL AMOR SAUDADE

 


 

 

 

    25 de Abril Sempre

 

Espasmo interior

ou revolta fulminante

qual o nome para a dor

vinda do meu tempo infante?

 

algozes vis destruíram

em feroz atrocidade

os sorrisos que fugiram

ao futuro da verdade.

 

Antecedendo o dia luminoso

eles mataram   feriram sem remorso

da tortura fazendo íntimo gozo

curvando ao povo as almas e o dorso.

 

Mas a alma do povo é resistente!

De humilhações   de feridas    de peçonha

que lhes fechavam as portas do presente

em crueldade bárbara medonha:

Ânimo erguido! Na luta      na arena

na solidão feroz de cada cela

desprezando o sarcasmo da hiena

caindo em bando sobre uma gazela

o povo foi erguendo em cada não

a história portuguesa do futuro:

fez luz nascer da escuridão!

Um jardim nascia no monturo.

 

 

 

 

              M.G.

 

 

Sépalas escondem

Pétalas futuras

promessa de vida

a beijar fraterna

a luz colorida.

 

              M.G.


 

 

Batem sombras à porta

da ideia que nos finta

palavras chegam e partem

a adejar coloridas

mas raramente são chave

do desvendar da ideia.

Nem todas trazem o sumo,

o essencial da voz.

Letras palavras a prumo

a gritar dentro de nós.

 

              M.G.

 

 

Transformação sociedade

antes o sócio que o irmão

assim na perversidade

morre a civilização.

Oh torpe, ignóbil assédio

oh abutres oh chacais!

De quanto sangue te nutres

oh mundo para onde vais?

De que tempo, antiga era

trazes nos teus dentes vícios?

Oh animalesca fera

que matas em teus ofícios.

Oh sociedade corrupta

podre civilização!

Antes viver numa gruta

que escravo na tua mão.

 

Oh ignomínia de ser!

Que desgosto, sociedade!

A teus pés vêm morrer

tempos, vindos doutra idade.

 

                                           (a guerra prossegue no Iraque.

                                              morre povo. Crianças. Vejo                           

 

 

                                             morrer e sofro.

                                               se a loucura nos salvasse da                                           

                                              loucura.)

 

              M.G.

 

 

Perfume  do dia

segredos da morte

escorre maresia

no vento do norte.

 

O vento suão

o vento levante

erguem-se do chão.

 

Silêncio no mar

silêncio na terra

vão em turbilhão

elevam-se à serra.

 

Bailam e giram

para em rodopio

voltarem ao vale

prás bandas do rio.

 

Deitam as searas

arrancam pinheiros

bebem verdes águas

sobem aos outeiros.

 

Enquanto na dança

tudo gira e treme

oiço minha infância

que distante geme.

 

Não a reconheço

passeiam pelo mundo

se neles me elevo

com eles me afundo.

 

              M.G.

 

 


          Certa noite de Verão em Palmela.  No Castelo

 

 

                Peregrino

 

Nuvens de lume

espuma de mar

está o ciúme

a acenar.

 

Névoas voando

sobre o outeiro

formam o bando

do nevoeiro.

 

Sobre o castelo

branco sudário

o Sete-Estrelo

é luz de herbário.

 

Renda de luz

ondeia em bruma

noite seduz

nuvens d’espuma.

 

 

              M.G.

 

Há no arvoredo

o timbre do medo

velho secular.

atravessou história

dentro da memória

ficou a pairar.

 

Do tempo profundo

na sombra do mundo

apenas segredo

o homem escondido

escutava o bramido

do mar no fraguedo.

 

Milénios passaram

paisagens mudaram

o homem sofria

estendendo prós céus

os braços a deus

que não respondia.

 

No dia presente

como antigamente

a humanidade

não quer ver em si...

chora, canta, ri

sem fraternidade.

 

Na mente saudosa

esfolhando uma rosa

não olha o futuro

mas tem entre mãos

o mundo de irmãos

a brilhar no escuro.

 

Até que por fim

brotará de nós

de ti e de mim

o som grandioso

a Paz terra em gozo

a terra um jardim.

 

 

              M.G.

 

 

e na saudade.

 

              M.G.