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sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Testamento dos Proscritos

 

À memória da minha avós, avôs 

minha mãe

ao meu pai, 

Aos Amigos

 Testamento dos Proscritos


Lança as cinzas ao mar

ao Oceano

não nos fechem num mar 

que tem fronteiras

nós queremos viajar 

livres as cinzas 

por nossas vidas dantes prisioneiras.


Lança ao mar o sonho a percorrer

nós iremos espraiar em Portugal

nossas cinzas no mar, inda a arder

hão-de voltar à praia de outro sal.

Sabem a lágrimas as cinzas em viagem

mas o sonho é sempre verdadeiro

se no exílio a voz foi de coragem

será heróico voltar ao chão primeiro.


Lança ao Atlântico o que resta

da força que nós fomos, mas vencida

verás reflorir como giesta

em festões d’oiro a água conseguida.

Iremos semear no mar imenso

a esperança de não ter partido ainda

importante afinal é o começo 

da sementeira agora pressentida.


Deixa ir sobre as águas azuis verdes

a nossa fundura vertical

porque na água estão as nossas sedes

de nunca ter deixado Portugal.

Se a história se escreveu no que passou

nas cinzas nosso corpo está presente

o mar da Liberdade nos levou

no caminhar sem fim da Lusa gente.


Que as cinzas vão ardendo sobre o mar

em derradeiro grito à Liberdade

pois nós seremos livres de voltar

pela força do tempo e da vontade.

E se nossa vontade de prolonga

a abraçar países infinitos

há-de chegar o dia em que se alonga

a saudade da terra dos proscritos.


Voltaremos então a Viriato

à pátria Lusa em bandeiras de sol

o vento gravará nosso retracto 

na leve luz da tarde, ao arrebol.

Seremos outra vez voz portuguesa

a ir poisar numa canção sem fim

na noite ardente de cada rouxinol

nossas cinzas serão mais um jardim.

 

 

 

 

 


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