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domingo, 31 de dezembro de 2023

à porta da primavera

 

Água desce da montanha

vem alagar a campina

na minha sede tamanha

meu coração de menina.

Fugiu o rio que era meu

esqueci o rumo do mar

água breve que perdeu

a vontade de cantar.

 

Era uma vez... uma estória

a estória de era uma vez...

escorre pranto na memória

dia-a-dia, mês a mês.

A água esqueceu a margem

em que sonho se estendia...

apenas segue viagem

por ser água e fugidia...

 

Quem lembra o que a água foi

ou se lembra do que era

na transparência que dói

à porta da primavera.

 

A montanha que se estende

desde o cimo à planície

ouve mas não compreende

longe, água sangue a esvair-se.

 

Marília Gonçalves  

 


 

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