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quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

"A Cabra o Carneiro e o Cevado" João de Deus


João de Deus



 



"A Cabra o Carneiro e o Cevado"

 

 

Uma vez

Uma cabra, um carneiro e um cevado

Iam numa carroça todos três,

Caminho do mercado...

Não iam passear, é manifesto;

Mas vamos nós ao resto.

Ia o cevado numa gritaria,

Que a cabra e o carneiro

Não podendo na sua boa fé

Acertar com a causa do berreiro,

Diziam lá consigo:

Que mania!

Cá este nosso amigo

E companheiro

Por força gosta mais de andar a pé!...


o caso é

que o cevado gritou tanto

ou tão pouco

que o carroceiro

perde a cabeça

vai como louco

saca o foeiro

e diz:

homessa !

eu inferneiras tais não as aturo

ouvir berrar há tanto tempo é duro

o senhor não vê que esta em chora

nem ao menos

as lágrimas lhe saltam

o que é tão natural

numa senhora

goelas não lhe faltam

e de ferro

o ponto é que ela as abra

mas é cabra;;

teve outra criação

não dá alguma sem alguma razão

e julga que este cavalheiro é mudo?

tem propósito é sério é sisudo!

às vezes, dá um berro que estremece tudo

mas é só quando é preciso

tem juízo

miolo!

miolo... exclama o outro!

pobre tolo!

ele supõe que o levam à tosquia

e por isso nem pia!

e esta,$pensa que vai de carro ao tarro

vazar a teta

pobre pateta

mas porcos não se ordenham

cevados não se ordenham

nem tosquiam

demais sei eu

demais sei eu

o fim com que se criam

por isso grito e gritarei

do fundo da minha alma

até à morte

aqui d'el-rei aqui d'el-rei

gritava como um homem muita gente

não discorre com tanta discrição

infelizmente

quando o mal é fatal

a lamúria que vale

que vale a prevenção

mais vale ser insensato

que prudente

o insensato

ao menos

menos sente

não vê um palmo adiante do nariz


vê o presente!

está contente!

é mais feliz!!



Joao de Deus






























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