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segunda-feira, 27 de novembro de 2023

FRESQUES

 



Fresques



Les as-tu vus ces vieux passants
Arborant leurs batailles, leur rêves
Les yeux emplis de songes
Les mains vêtues de gestes
Une histoire sur leurs lèvres
Les as-tu vus passer
Résistants à l’automne
Voletant irréels dans un monde concret
Les as-tu vu passer
(ce cortège sublime
Dont ils ont le secret)
Ce sont les vieux poètes
Qui passent en nos regards
L’éternelle jeunesse agite leur pensée
Les éternels amants du matin et du soir
Nous les dirions absents, notre vision nous trompe
De toutes les batailles ils sont bien présents
Ils portent un étendard de mots et de couleurs
Ils traversent le temps sillonnant la parole
Impromptu symphonie jaillissant dans leur cœur
Sonate de poèmes colombe qui s’envole
Ils sont à nos côtés et cheminent tout seuls
Nous ne saurons jamais
la racine carrée du poids de la parole

Marília Gonçalves






sábado, 25 de novembro de 2023

POEMA AOS OLIVAIS

Ó olivais
vindos de trás...
sois vós que herdais
de nossos pais
símbolo de Paz!

Oh olivais
do esforço antigo
de nossos pais
sois vós que herdais
seu braço amigo
Oh olivais...

olivais de Paz sois o sustento
do magro caldo camponês
vós que sois alma, força e alento...
a vossa voz segue a do vento
a olhar o mundo de lés-a lés.

Olivais da Paz sois o tempero
da triste mesa do camponês
trémula luz no desespero
do seu cansaço do frio severo
que os vai forçando mês após mês.

Oh olivais campo de esperança
vindo de outrora como tributo.
Dom ao futuro, na confiança
por cada vida cada criança!
Esforçada mão sem ver o fruto!

Oh olivais enluarados
folhas de prata a refulgir
pequenos frutos espezinhados...
líquido sol enche sobrados
quando a fadiga manda dormir.

Marilia Gonçalves




 

 

  Marília Gonçalves- Poeta del Mundo- Movimento de Poetas pela Paz- UNESCO 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

POEMAS ABRIL AMOR SAUDADE

 


 

 

 

    25 de Abril Sempre

 

Espasmo interior

ou revolta fulminante

qual o nome para a dor

vinda do meu tempo infante?

 

algozes vis destruíram

em feroz atrocidade

os sorrisos que fugiram

ao futuro da verdade.

 

Antecedendo o dia luminoso

eles mataram   feriram sem remorso

da tortura fazendo íntimo gozo

curvando ao povo as almas e o dorso.

 

Mas a alma do povo é resistente!

De humilhações   de feridas    de peçonha

que lhes fechavam as portas do presente

em crueldade bárbara medonha:

Ânimo erguido! Na luta      na arena

na solidão feroz de cada cela

desprezando o sarcasmo da hiena

caindo em bando sobre uma gazela

o povo foi erguendo em cada não

a história portuguesa do futuro:

fez luz nascer da escuridão!

Um jardim nascia no monturo.

 

 

 

 

              M.G.

 

 

Sépalas escondem

Pétalas futuras

promessa de vida

a beijar fraterna

a luz colorida.

 

              M.G.


 

 

Batem sombras à porta

da ideia que nos finta

palavras chegam e partem

a adejar coloridas

mas raramente são chave

do desvendar da ideia.

Nem todas trazem o sumo,

o essencial da voz.

Letras palavras a prumo

a gritar dentro de nós.

 

              M.G.

 

 

Transformação sociedade

antes o sócio que o irmão

assim na perversidade

morre a civilização.

Oh torpe, ignóbil assédio

oh abutres oh chacais!

De quanto sangue te nutres

oh mundo para onde vais?

De que tempo, antiga era

trazes nos teus dentes vícios?

Oh animalesca fera

que matas em teus ofícios.

Oh sociedade corrupta

podre civilização!

Antes viver numa gruta

que escravo na tua mão.

 

Oh ignomínia de ser!

Que desgosto, sociedade!

A teus pés vêm morrer

tempos, vindos doutra idade.

 

                                           (a guerra prossegue no Iraque.

                                              morre povo. Crianças. Vejo                           

 

 

                                             morrer e sofro.

                                               se a loucura nos salvasse da                                           

                                              loucura.)

 

              M.G.

 

 

Perfume  do dia

segredos da morte

escorre maresia

no vento do norte.

 

O vento suão

o vento levante

erguem-se do chão.

 

Silêncio no mar

silêncio na terra

vão em turbilhão

elevam-se à serra.

 

Bailam e giram

para em rodopio

voltarem ao vale

prás bandas do rio.

 

Deitam as searas

arrancam pinheiros

bebem verdes águas

sobem aos outeiros.

 

Enquanto na dança

tudo gira e treme

oiço minha infância

que distante geme.

 

Não a reconheço

passeiam pelo mundo

se neles me elevo

com eles me afundo.

 

              M.G.

 

 


          Certa noite de Verão em Palmela.  No Castelo

 

 

                Peregrino

 

Nuvens de lume

espuma de mar

está o ciúme

a acenar.

 

Névoas voando

sobre o outeiro

formam o bando

do nevoeiro.

 

Sobre o castelo

branco sudário

o Sete-Estrelo

é luz de herbário.

 

Renda de luz

ondeia em bruma

noite seduz

nuvens d’espuma.

 

 

              M.G.

 

Há no arvoredo

o timbre do medo

velho secular.

atravessou história

dentro da memória

ficou a pairar.

 

Do tempo profundo

na sombra do mundo

apenas segredo

o homem escondido

escutava o bramido

do mar no fraguedo.

 

Milénios passaram

paisagens mudaram

o homem sofria

estendendo prós céus

os braços a deus

que não respondia.

 

No dia presente

como antigamente

a humanidade

não quer ver em si...

chora, canta, ri

sem fraternidade.

 

Na mente saudosa

esfolhando uma rosa

não olha o futuro

mas tem entre mãos

o mundo de irmãos

a brilhar no escuro.

 

Até que por fim

brotará de nós

de ti e de mim

o som grandioso

a Paz terra em gozo

a terra um jardim.

 

 

              M.G.

 

 

e na saudade.

 

              M.G.