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terça-feira, 8 de maio de 2012

pérola de mosto



Levante

Vieste à minha procura
trazias as mãos despidas
e os olhos habitados
por viagens que não fiz.
Tua voz eram trinados
na minha imaginação
os olhos incendiados
na profunda escuridão.
Quando chegaste, eu partia
como a imagem final
do dia que se perdia
nas folhas do laranjal.
Todo o perfume nocturno
era intenso, sensual
o campo, esse testemunho
do cheiro de Portugal.
Levei-te entre hortas, vinhedos
dei-te a provar meu licor
no murmúrio dos segredos
ébrios de sangue e de amor.
Depois esvaziou-se o tempo
o campo despovoou-se...

Mas eu trazia por dentro
uma pérola de mosto!

Marília Gonçalves

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