Esta é a ditosa pátria minha amada. Não, nem é ditosa porque o não merece, nem minha amada, porque é só madrasta nem pátria minha, porque eu não mereço a pouca sorte de ter nascido nela. Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta Quanto esse arroto de passadas glórias. Amigos meus mais caros tenho nela Saudosamente nela, Mas amigos são por serem meus amigos e mais nada. Torpe dejecto de romano império, Babugem de invasões, Salsujem porca de esgoto atlântico, Irrisória face de lama, de cobiça e de vileza, De mesquinhez, de fátua ignorância. Terra de escravos, de cú para o ar, Ouvindo ranger no nevoeiro a nau do Encoberto. Terra de funcionários e de prostitutas, Devotos todos do Milagre, Castos nas horas vagas, de doença oculta. Terra de heróis a peso de ouro e sangue, E santos com balcão de secos e molhados, No fundo da virtude. Terra triste à luz do Sol caiada, Arrebicada, pulha, Cheia de afáveis para os estrangeiros, Que deixam moedas e transportam pulgas (Oh!, pulgas lusitanas!) pela Europa. Terra de monumentos em que o povo assina a merda o seu anonimato. Terra-museu em que se vive ainda com porcos pela rua em casas celtiberas. Terra de poetas tão sentimentais Que o cheiro de um sovaco os põe em transe. Terra de pedras esburgadas, Secas como esses sentimentos De oito séculos de roubos e patrões, Barões ou condes. Oh! Terra de ninguém, ninguém, ninguém! Eu te pertenço. És cabra! És badalhoca! És mais que cachorra pelo cio! És peste e fome, e guerra e dor de coração! Eu te pertenço! Mas seres minha, não!
Jorge de Sena
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é
de crer que há mesmo muitas e dolorosas verdades neste poema de Jorge
de Sena, quem senão, ladrões, vendidos ou gente prostituída, para votar
continuamente em governos tais, depois de terem mais que tempo de ver
para onde está a ser levado Portugal, para a miséria, para a desonra,
para a ignomínia, para uma total carência de valores humanos, onde quem
vai às urnas, nem tem responsabilidade e capacidade de assumir os filhos
que fez, roubando-lhes, aos próprios filhos o futuro luminoso, com o
qual, bons pais, sonha para seus filhos. Pois toda essa gente que vota
nesta direita hiper corrupta, por compadrios, por migalhas caídas da
mesa dos grandes hipotecam, o Direito dos Jovens que puseram no Mundo,
lançando-os para o desespero, drogas, seitas e total falta de confiança
no ser humano! e isso não tem perdão, porque se são capazes de trair, o
olhar que um dia poisaram sobre o berço duma criança, inocente e
confiante, tudo serão capazes de atraiçoar e de vender. Corja imunda,
que não há palavras suficientes para denunciar, o que não escusa o
silêncio! Por isso vamos à Luta: porque nós somos coerentes! pôs somos
capazes de Amor: nós somos de Esquerda porque somos o Amor Universal,
que começa talvez num berço pequenino, mas que potente e altivo, seguro
de si, se alastra pelo Mundo!
Marília Gonçalves
a minha, e penso que a de muitos amigos e gente justa e honesta, é esta terrível frustração, da PIDE/ SALAZAR/FASCISMO E TODOS OS QUE COMIAM DA MESMA POCILGA, não terem sido julgados,por todos os crimes cometidos, por todas vidas destruídas, por todas as consequências de quanto mal fizeram, aos melhores e mais corajosos filhos de Portugal! que não tenham sido julgados pelo medo, pelo silêncio, por quanto silenciava e acarneirava o povo de Portugal! tal julgamento, justo, correcto, resposta ponto por ponto a todo o mal feito e causado: magoa-me profundamente, que não tenha tido lugar! até porque era indispensável à História, e à compreensão das gerações presentes e vindouras, da trágica, horripilante realidade que foi o fascismo em Portugal
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