Páginas

Páginas

Páginas

Páginas

sábado, 18 de setembro de 2010

AVE de FOGO




Ave de Fogo
Trazia há muito dentro do meu peito
peso estranho de m’entontecer
a ganhar forma nesse espaço estreito
a beber vida pra poder viver.
Eu, intrigada escutava o sussurro
do seu gemido por dentro de mim
até ao dia de escutar seu urro
-rasguei minh’alma e liberta enfim...
Eu, vi voar na escuridão da noite
a ave enorme de asas de veludo...
meu coração aberto pelo açoite
ficava olhando os ares, parado e mudo.
A ave dos gemidos do amor
voava alto direcção ao sol
o meu peito ficara sem cantor
a minha noite não tinha rouxinol?!
Incendiou o corpo pelo caminho
voltou a mim dorida ave de fogo
no meu peito fez de novo ninho...
Meu mar de versos por aonde vogo!!

às minhas filhas (quando pequenas)



Achámos nós linda pedra
loira e terra, maravilha...
um tesouro minha filha
que veio do fundo do tempo
imagina o que já viu
quanto calor a queimou
e como rolou ao frio.
Quantos ventos lhe bateram
e a pedra rolou, rolou
quantas mãos a não prenderam
quanto olhar nela poisou.

Se a pedra tivesse voz
quem sabe o que contaria
os avôs de teus avôs
ou o mais remoto dia
em tempo ainda sem homens
de vidas descomunais
onde memórias se somem
de que apenas há sinais.

Vê a pedra como é lisa
quanto vento a alisou
exposta ao vento e à brisa
a pedra rolou, rolou...

Supõe que veio do mar
Que o viu viver e vibrar
até ser arremessada
por onda brava e tão forte
sobre a areia molhada.

Quem sabe se com ternura
alguém ao tê-la na mão
perscrutando a noite escura
lhe fez alguma canção.