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quarta-feira, 10 de março de 2010

A pátria é nos lugares onde a alma está acorrentada.
Voltaire





À REDE DE ESCRITORAS BRASILEIRAS (REBRA)








FEBRE

Lílian Maial


Era só pensar nele que surgia a febre.
Febre alta, absurda, de estourar termômetros.
Febre e fome.
Vivia num clima quente, mas a quentura de dentro não se comparava.
E não baixava. Podia tomar banho frio, fazer compressa de álcool,
se abanar e até morar num aparelho condicionador de ar, que a temperatura não cedia.
O calor era tanto, que irradiava.
Emanavam ondas infernais de todo o corpo.
Uma quentura tão devastadora que, por onde passava, ia queimando cortinas, pifando eletrodomésticos,
incendiando lençóis e desejos.
Tudo pegava fogo ao mais simples olhar.
Uma febre terçã, provocando convulsões nas entranhas e um abafamento de palavras e gemidos.
Não tinha cura, não tinha remédio.
Bastava pensar naquele homem.


Lílian Maial

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