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sábado, 13 de março de 2010

Desistência


Realidades

Despertar e cair no pesadelo
as pombas transformadas em falcões
levadas no atropelo
as marés das ilusões.

Quantos eram?
quantos foram?
na forma de quase deus
mas não há deus que resista
à descrença e ao adeus...

as aves foram perdendo
toda a plumagem que tinham
e em meus olhos doendo
da mentira que adivinham

um após outro se foi
num mar que lembrava sangue
nesta verdade que doí
como se a arquitectura
dum edifício cedesse
e só ficasse lonjura
na minha incrédula prece.

Tanto sonho que caiu
tanto olhar que se baixou
tanto cântico ruiu
tanta pétala murchou.

Mas nada torna ao que era
agora é pra sempre Inverno
cada pomba uma quimera
veio morrer no meu caderno.

Marília Gonçalves





ADEUS

O braço levantado e acenando

lembra asa de pomba

que mansa, muito mansa vai voando.

Há nesse gesto brando

o ai dorido

tanta suavidade

tenta mansidão

que nos faz mais efeito

esse gemido

que o maior trovão.



Marília Gonçalves


há coisas que só os próprios podem destruir

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