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domingo, 6 de dezembro de 2009

OLIVAIS


Olivais


Ai olivais de prantos ao luar

quando chão lembra neve a desfazer

rouxinóis estremecem a cantar

junto à fonte esquecidos de beber.

Acendem-se ao andar passos estranhos

memória de bailado em luz do dia

o branco casario tem o tamanho

de véus a esvoaçar na noite fria.

Eleva-se murmúrio universal

som de água a deslizar suavemente

mas água que é sangue vegetal

a enrolar-se em elos de serpente.

Há sonhos vegetais na noite branda

gritos de vida ainda por nascer

na seiva pressentida que se espanta

em braço circular de anoitecer.

Os olivais desenham o abraço

ameaça de sombra que não finda...

uma ogiva medonha cobre o espaço

na derradeira esperança que há ainda.



Marilia Gonçalves