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quarta-feira, 2 de setembro de 2009



Soneto a Maria

À mãe de meu pai, minha lembrada avó



Quanto muro quanta casa que paredes

lavaste com teus olhos fontes rios

quanto chão regaste com as sedes

que te levam mundo fora, além navios


quantas urnas de sal perdido sol

caiaste com teu leite

quanto silêncio se fez no rouxinol

do flamenco aceso no teu peito?


Que trilhos, que caminhos percorreste

no obscuro tempo verdes anos

que em alva cabeleira converteste


e não lhe chamem erros, desenganos

porque hora a hora mulher em ti crescente

livre do sono dos ancestrais decanos.



Marília Gonçalves