Lisboa Mar Largo Lisboa Lisboa mulher do afago que o vento apregoa mulher e cidade menina Lisboa.
mulher.Menina cidade do novo Rossio esquecer-te quem há-de cidade navio se tua saudade queima até o frio Cidade cidade sempre com seu Rio.
Cidade Mar Largo nova descoberta teu nome é afago na rua deserta cidade cidade cidade a nascer no verso que largo a quem o quiser cidade cidade minha irmã mulher.
Marília Gonçalves
Vox populi “Por decreto de que rei?”
Acima de todas as mentiras Dos vãos subterfúgios De quantos governantes desgovernam Uma pergunta paira Grave como a verdade Urdida em Luz
Se meu amor é Portugal Que me retém aqui? Eu sei-me ser Universal Mas a minha alegria está em ti Meu berço em sol e cal Onde me encantou o meu quintal Onde aprendi meu nome E a dizer presente Num futuro ausente que magoa Desde antigamente. O que faço eu tão longe Embutida de olhos e pés Numa cidade algures em Portugal Faro Coimbra Braga Beja Porto Santarém Ou Lisboa Que importa o nome que tem... Apenas quero saber quem No esplendor da treva dita Esta distância que magoa!!!!
Marília Gonçalves
A porta bateu? Ou bateram à porta?
A porta bateu? Ou bateram à porta? Quando a porta bate é porque há corrente de ar. E quando batem à porta qual é a ideia corrente? São ladrões. Não de portas. E nem os ladrões batem à porta nem as portas batem nos ladrões. E a porta tem corrente. Mas não corre, porque se corresse a porta não era porta, era corredor. E o corredor nunca fica à porta. Entra sempre. Ou sai. Mas quando sai, sai a correr. Quando entra, não. Entra só corredor e nós às vezes é que corremos para entrar. E Saímos pela porta que bate antes antes dela bater porque senão pode bater-nos a nós. E ficávamos sem a voz com o susto. Porque se ficássemos com o susto e com a voz não se diria de nós que foi a porta que nos bateu por causa da corrente de ar. Podia dizer-se que o ar nos deu e fomos bater à porta. A porta bateu? Ou bateram à porta? A culpa foi do ar que não faltou. Se o ar faltasse não havia corrente e o corredor não saía a correr nem entrava a porta porque lhe faltava o ar. Assim a culpa é do ar se a porta não bateu nos ladrões que não bateram à porta. Então porque diabo é que a porta bateu?