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sábado, 4 de julho de 2009

Mar Largo


Lisboa Mar Largo


Lisboa Mar Largo
Lisboa Lisboa
mulher do afago
que o vento apregoa
mulher e cidade
menina Lisboa.


mulher.Menina cidade
do novo Rossio
esquecer-te
quem há-de
cidade navio
se tua saudade
queima até o frio
Cidade cidade
sempre com seu Rio.


Cidade Mar Largo
nova descoberta
teu nome é afago
na rua deserta
cidade cidade
cidade a nascer
no verso que largo
a quem o quiser
cidade cidade
minha irmã mulher.



Marília Gonçalves
Vox populi
“Por decreto de que rei?”


Acima de todas as mentiras
Dos vãos subterfúgios
De quantos governantes desgovernam
Uma pergunta paira
Grave como a verdade
Urdida em Luz

Se meu amor é Portugal
Que me retém aqui?
Eu sei-me ser Universal
Mas a minha alegria está em ti
Meu berço em sol e cal
Onde me encantou o meu quintal
Onde aprendi meu nome
E a dizer presente
Num futuro ausente que magoa
Desde antigamente.
O que faço eu tão longe
Embutida de olhos e pés
Numa cidade algures em Portugal
Faro Coimbra Braga Beja Porto Santarém
Ou Lisboa
Que importa o nome que tem...
Apenas quero saber quem
No esplendor da treva dita
Esta distância que magoa!!!!

Marília Gonçalves


A porta bateu? Ou bateram à porta?



A porta bateu? Ou bateram à porta? Quando a porta bate é porque há corrente de ar. E quando batem à porta qual é a ideia corrente? São ladrões. Não de portas. E nem os ladrões batem à porta nem as portas batem nos ladrões. E a porta tem corrente. Mas não corre, porque se corresse a porta não era porta, era corredor. E o corredor nunca fica à porta. Entra sempre. Ou sai. Mas quando sai, sai a correr. Quando entra, não. Entra só corredor e nós às vezes é que corremos para entrar. E Saímos pela porta que bate antes antes dela bater porque senão pode bater-nos a nós. E ficávamos sem a voz com o susto. Porque se ficássemos com o susto e com a voz não se diria de nós que foi a porta que nos bateu por causa da corrente de ar. Podia dizer-se que o ar nos deu e fomos bater à porta. A porta bateu? Ou bateram à porta? A culpa foi do ar que não faltou. Se o ar faltasse não havia corrente e o corredor não saía a correr nem entrava a porta porque lhe faltava o ar. Assim a culpa é do ar se a porta não bateu nos ladrões que não bateram à porta. Então porque diabo é que a porta bateu?
Marília Gonçalves