Páginas

Páginas

Páginas

Páginas

sexta-feira, 18 de setembro de 2009


A B A T A L H A

D A P A Z




Nós não gritamos paz como quem chora

ou como cristãos lançados às feras.

O nosso canto é um brado de vigília

a estremecer a noite armadilhada.

Semeamos poemas e canções,

abraços e bandeiras,

ateando o amor por toda a terra,

deixando o sonho fecundar a esperança.

Somos um coro imenso de vontades,

desejos de cristal e timbres de aço.

Damos as nossas mãos a outras mãos,

tantas que cheguem para enlaçar o mundo.

Defendemos a Paz por tudo o que respira,

pelo caudal de sangue em que viaja a vida,

pelos rios que se projectam das montanhas

em ânsia de ser mar,

pelas sementes que irrompem da noite

a caminho da luz,

pelas flores que teimam em ser frutos,

pelas searas que aspiram a ser pão,

pelos barcos que partiram

e querem voltar,

pelas mãos que trabalham e acariciam,

pelos olhos que vêem e choram,

pelas bocas que gritam e beijam,

pelas crianças que aguardam a sua vez

de assumir o mundo.

Lutamos pela Paz com os dentes cerrados

e empenhamos a vida pela vida.

Aguentamos firme contra o pesadelo

– até que a nuvem negra se disperse

e caia em branda chuva sobre as nossas mãos.

Carlos Domingos (Poeta del Mundo)

Sem comentários:

Enviar um comentário

O seu comentário espera moderação