Páginas

Páginas

Páginas

Páginas

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Fala do Homem nascido



Fala do Homem nascido

Venho da terra assombrada

do ventre de minha mãe

não pretendo roubar nada

nem fazer mal a ninguém



Só quero o que me é devido

por me trazerem aqui

que eu nem sequer fui ouvido

no acto de que nasci



Trago boca pra comer

e olhos pra desejar

tenho pressa de viver

que a vida é água a correr



Venho do fundo do tempo

não tenho tempo a perder

minha barca aparelhada

solta rumo ao norte

meu desejo é passaporte

para a fronteira fechada



Não há ventos que não prestem

nem marés que não convenham

nem forças que me molestem

correntes que me detenham



Quero eu e a natureza

que a natureza sou eu

e as forças da natureza

nunca ninguém as venceu



Com licença com licença

que a barca se fez ao mar

não há poder que me vença

mesmo morto hei-de passar

com licença com licença

com rumo à estrela polar

António Gedeão

Sem comentários:

Enviar um comentário

O seu comentário espera moderação