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quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O Dia da mais Bela Revolução





Nasceu uma criança e era Abril

Nasceu talvez tão cedo e era tarde

nasceu quando era o mês das águas mil

no dia incendiado em Liberdade


Nasceu duma promessa por fazer

Que estava por cumprir em cada olhar

Nasceu uma criança por haver

Nasceu uma criança pra sonhar


Nasceu mas tão real, tão verdadeira

Que era o futuro ali à nossa mão

Onde afinal nascia a Terra inteira


Nascia uma criança e era o pão

E era a Luz a arder de tal maneira

O dia da mais bela Revolução


Marília Gonçalves















Castro Alves

In o Povo ao Poder

QUANDO nas praças s'eleva
Do povo a sublime voz...
Um raio ilumina a treva
O Cristo assombra o algoz...
Que o gigante da calçada
Com pé sobre a barricada
Desgrenhado, enorme, e nu,
Em Roma é Catão ou Mário,
É Jesus sobre o Calvário,
É Garibaldi ou Kossuth.


A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor
.

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Adiante


Na venennosa noite abriu um Cravo

Uma vermelha flor de luso sangue

Abriu na madrugada sobre o travo

Do amargor de Portugal exangue.

A noite cerrada ali expirava

Numa clara pétala de Esperança

O mais ridente dia começava

Com puro olhar aberto de criança.

Desabavam enfim portas internas

Vedadas há muito para o mundo

E era o renascer de mãos fraternas

Meio século derrubado num segundo.

As grades do olhar do pensamento

Esgarçaram os ares e uma paloma

Abria as asas sobre o céu cinzento

O futuro estava à nossa frente

O crime era o acto a condenar

O riso era possível de repente!

A Paz o Caminho a conquistar!

O povo acreditou e era Abril

Incendiado Maio de canções

A ovelha saía do redil

Os olhos a arder como carvões.

A noite das promessas foi cumprida

Liberdade sem mácula sem sombra

O campesino o pescador viam mudar a vida

Num ímpeto alegre que os assombra.

A guerra fratricida terminava

As mães podiam respirar enfim

Uma nova era começava

Portugal dos Direitos: um Jardim!

Até que um dia...pergunto-me porquê

Alguém manchou a Esperança conseguida.

E esse mês de Abril ainda criança

Viu aos poucos definhar sua subida.

O povo foi perdendo a confiança

Vendo cair de Abril cada conquista

Cerrava-se o caminho para a Esperança

E Portugal perdia-se de vista.

Esquecido da infância dessa História

Que começara na manhã de Abril

O povo desfiava na memória

O sonho promissor e primaveril.

Faltou uma pergunta e a resposta:

Quem nos perdeu de Abril

Dos seus cravos rubros de Vitória

De todo o seu alento juvenil?

No dia em que a resposta for sabida

Portugal Inteiro desce à rua

A vir exigir a própria vida

E a gritar enfim que a Pátria é sua!

Marília Gonçalves




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